Crédito da imagem: ESO/NASA

Créditos da Imagem: ESO / Nasa 

 

Em setembro deste ano (2020), uma pesquisa liderada por Jane Greaves (Universidade de Cadirff) e publicada na Nature Astronomy, causou um frenesi na imprensa mundial após divulgarem a detecção de fosfina na atmosfera de Vênus. Isso porque a fosfina poderia ser um indicativo de vida microbiana naquele planeta, uma vez que este elemento, aqui na Terra, é fortemente relacionado a micro-organismos anaeróbicos.   

A detecção se deu através de observações com o radiotelescópio James Clerk Maxwell no Hawaí e depois acompanhada pelo observatório ALMA (Atacama Large Millimeter Array) no Chile, com identificação, através de linhas espectrais, para a fosfina em ambos telescópios.

A espectroscopia é uma técnica bastante conhecida e há anos utilizada na astronomia. Cientes da necessidade de se extrair os ruídos nas informações recebidas, os astrônomos resultaram com o que segundo eles, foi significativo para caracterizar como detecção da fosfina.

Porém, na ciência, só é bem aceito ou considerado verdade, aquilo que recebe respaldo através de outros estudos. E é justamente aqui que a questão da fosfina se torna polêmica.

O astrofísico Ignas Snellen, da Universidade de Leiden, na Holanda, juntamente com outros astrônomos, decidiu revisar a análise de redução dos ruídos dos dados obtidos pelo ALMA no estudo inicial. Nesta revisão não se identificou a presença de fosfina, concluindo que o estudo anterior não fornece uma base sólida para a afirmação de uma descoberta.

 A comissão de Astrobiologia da União Internacional de Astronomia criticou com veemência a publicação do primeiro estudo. É um dever ético de qualquer pesquisador manter o rigor científico antes de dirigir-se à mídia para pronunciamento de uma descoberta. O anúncio da presença de fosfina, agora questionada por outros trabalhos, ganhou repercussão nos meios de comunicação do mundo todo à época. Isso porque uma das possibilidades de origem da molécula, seria a presença de vida microbiana naquele planeta. Assim, a ciência mais uma vez firma seus alicerces, sem viés, onde dados de uma pesquisa, teoria ou hipótese só se tornam válidos, quando revisados e testados por outros estudos.