Estamos acostumados com a coloração cinza da Lua, porém seu aspecto vai além do que nossos olhos podem ver. Isso ocorre porque a visão humana é limitada a um curto espaço do espectro eletromagnético, conhecido como espectro visível da luz. Fora deste comprimento de ondas, não podemos enxergar. Isso vai acima do infravermelho e abaixo do ultravioleta. A imagem “colorida” do nosso satélite parece ficção aos nossos olhos, pois não estamos acostumados a “enxergá-lo” dessa forma, mas, se nossos olhos fossem mais nítidos e sensíveis a outras faixas do espectro eletromagnético poderíamos visualizar nossa Lua de formas distintas.

As diferentes colorações na foto saturada acima têm origem nos metais que compõe a Lua e nos é útil para sinalizar a composição da superfície do solo. As regiões em azul (atentar ao azul bastante escuro) contém mais titânio que as regiões alaranjadas, com níveis reduzidos de titânio no basalto. O Mare Tranquillitatis de coloração azul intenso é mais rico em titânio que o Mare Serenitatis. As áreas azuis e laranja que cobrem grande parte do lado esquerdo da Lua representam fluxos de lava separados no Oceanus Procellarum. As pequenas áreas magenta/violeta, encontradas perto do centro, são depósitos piroclásticos formados por erupções vulcânicas explosivas conforme já abordamos. A jovem cratera Tycho, com um diâmetro aproximado de 85 quilômetros, é proeminente na parte inferior da fotografia, com superexposição. Esta fotografia foi resultado de um mosaico de 12 quadros com cerca de 700 frames cada, totalizando um empilhamento de cerca de 8500 frames e foi tirada no Observatório de Astronomia de Patos de Minas, utilizando um telescópio de 200 mm de abertura, F5 (Razão Focal[1]) e câmera planetária. A foto foi saturada para projetar as cores.  Uma imagem ainda mais saturada foi registrada pela sonda Galileo da NASA, em 1992 e pode ser visitada pelo link abaixo:

https://www.jpl.nasa.gov/spaceimages/details.php?id=PIA00132

 
[1] Razão focal diz respeito entre a medida da distância focal (comprimento do tubo do telescópio em milímetros) dividida pela abertura do telescópio, também em milímetros. Fórmula: (RF=  DF/ A).