Herdei de meus pais a alguns anos uma casa grande, de boa localização, porém, um tanto mal cuidada e precisando de algumas reformas.

Ao sair em busca de um profissional para cuidar da reforma, apareceram muitos que se diziam os únicos capazes de dar à casa todo o cuidado que ela merecia, mas ao fazer uma pequena pesquisa, descobri que os eles já trabalharam na casa e são os responsáveis pelo estado dela.

Procurando uma nova alternativa encontrei um senhor simples, direto, sem meias palavras e por isso todos o tratavam como o pedreiro boca suja.

Contratei-o então, quis apostar em algo novo, já que esperava um resultado diferente. Mesmo porque, o orçamento foi o mais econômico até na lista de materiais.

Começaram os trabalhos, então esse homem trabalhava, esbraveja com o errado, se alegrava com o certo e continuava assim.

A loja de materiais não gostava, pois sempre que vinha material a mais o pedreiro boca suja devolvia, sempre que alguém da equipe começava a cobrar mais caro ele dispensava, levava sempre bons profissionais e não seus amigos.

Todos praguejavam, diziam que era a pior escolha, se ofereciam todos os dias para substituí-lo e para isso, muitas vezes mentiam.

O tempo foi passando, a casa tomando forma, o orçamento dentro do combinado, os prazos sendo cumpridos e quanto mais o boca suja fazia, mais falavam mal dele.

Falavam dos palavrões, falavam dos xingamentos, falavam até da marmita do homem, mas nunca dos resultados, nunca do que ele estava construindo.

Pois bem, chegou ao final da tarefa, a obra está concluída.

Paguei o homem certinho, este foi embora feliz olhando o bom trabalho que fez, deixando no vento, que tudo leva, os xingamentos e palavras erradas e deixando em pé cravada na terra a casa bonita e bem cuidada que me prometeu.

Para quem quiser ver como ficou, basta ir ao bairro Brasil e procurar a casa mais firme e bem feita.

E para quem precisar do profissional que a fez, pode procura no mesmo bairro, pelo pedreiro boca suja de nome seu Jair.

 

Sérgio Lima