Sidnei Gomes Chacon

As voltas que a vida dá levam a lugares que às vezes é de impressionar. Quem poderia imaginar que uma das vítimas da tragédia no Rio de Janeiro viesse parar em Patos de Minas? E para completar a história comovente, ele se perdeu dos parentes e encontrou guarida exatamente na campanha que arrecada donativos para aliviar o sofrimento de seus amigos e conterrâneos.

Sidnei Gomes Chacon não tinha para onde ir. Morador do distrito de Itaipava, no município de Petrópolis, ele viveu nos últimos dias o pior pesadelo de sua vida. O barro que desceu das encostas e varreu a localidade atingiu em cheio a casa que tinha comprado há apenas seis meses. Não sobrou nada, a não ser o uniforme do trabalho, todo sujo de lama.

“Quando eu consegui sair da empresa, a água estava na cintura. Quando eu cheguei no lugar que eu morava não tinha mais nada”, explica Sidnei. Mas o maior lamento dele é a perda da família. Sem conseguir controlar as lágrimas, Sidnei explica que perdeu a esposa Etelvina Maria de Chacon e as duas filhas Miriam Lisboa de Chacon, de 12 anos e Mercedes Lisboa de Chacon, de 7 anos.

Sem ter o que fazer em Itaipava, Sidnei pegou a estrada em direção a Patos de Minas. Veio em busca do apoio da mãe Elza Faria Chacon e Jeferson Gomes Chacon Filho que não via há anos. Mas endereços e telefones se perderam no barro e ele acabou perdendo o contato dos parentes. Sidnei acabou encontrando abrigo exatamente na campanha que arrecada donativos para as vítimas das chuvas.

Enquanto procura os parentes, o trabalho voluntário ajuda a aliviar a dor e a esquecer o trauma da tragédia no Rio de Janeiro. Ele não pode com muito barulho, se assusta com qualquer chuvinha, mas se fortalece com a solidariedade do povo patense. Hoje, ele volta para Itaipava, mas só para levar as doações. Ele quer permanecer em Patos de Minas para recomeçar.

Autor: Maurício Rocha