“Eu vim tomar a vacina pra ficar imunizada e não pegar covid. O vírus está atrapalhando a nossa vida e ele não pode atrapalhar mais porque senão cadê a alegria no mundo?”. A definição da pequena Maria Clara, de 7 anos, representa a esperança dela, de sua mãe Maricelma e de milhões de outras crianças e famílias mineiras após o começo da vacinação infantil contra a covid-19 no estado, iniciada na última sexta-feira (14/01).

O Governo de Minas prevê vacinar com a primeira dose 1,8 milhão de meninos e meninas de 5 a 11 anos até o final de março.

Maria Clara recebeu a injeção nessa quarta-feira (19/1), em Santa Luzia, na região metropolitana da capital. Mas nada de medo. Demonstrando alegria, a garota prometeu que sempre irá tomar as vacinas necessárias e aproveitou para convocar os coleguinhas da escola a fazerem o mesmo. “Amiguinhos, por favor, venham aqui para tomar a vacina e ficar forte igual eu”.

Já a família da Cecília, de 5 anos, que mora no interior do estado, recebeu uma bonita e importante mensagem da simpática e comunicativa garotinha. “Oi gente, eu acabei de tomar a vacina e não doeu, não chorei nenhum pinguinho. Venham tomar a vacina para mandar o corona embora!”, disse Cecília, no colo do pai Leonardo, ao gravar um vídeo para enviar aos parentes.

Com 9 anos de idade, Murilo se empolgou na hora de registrar a aplicação do imunizante. “Eu ‘tô’ achando muito legal vacinar, e também é muito bom aparecer na TV”, brincou. Alessandra, mãe do garoto, ressaltou a importância da vacina para que o filho, portador de autismo e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), tenha condições de voltar às aulas com segurança. “Quero ir pra escola, ver meus colegas e abraçar a Luiza, minha melhor amiga. É só olhar para a janela e contar até dez que nem chora”, disse o garoto ao revelar que a picadinha da agulha não o assustou.

Esperança

Esperança e alívio foram os principais sentimentos expressados pelos pais dessas e das demais crianças de Santa Luzia, que receberam nesta quarta-feira (19/1) a primeira dose do imunizante contra a covid-19.

Segundo Leonardo Ramos, pai da Cecília, ele e a família nunca duvidaram da ciência e da importância das vacinas para proteger a filha. “Como ela tem um probleminha no pulmão, temos que evitar ao máximo qualquer tipo de doença. A gente tem protegido ela de todas as formas que podemos. E a vacina é a melhor forma de proteção. Vemos muitas coisas nas redes sociais de pessoas que negam a eficácia da vacina. Mas a verdade é que crescemos tomando todo tipo de vacina sem perguntar o que era e o que tinha dentro e isso ajudou a nossa saúde, o nosso desenvolvimento. Quem tem filho faz de tudo para proteger, então o que a gente pode fazer agora é vacinar”, defendeu Leonardo.

Volta às aulas

Aliviada com a primeira dose da Maria Clara, a mãe Maricelma Mariano Borçato tem outro filho de quatro anos, e aguarda ansiosa para chegar a vez dele. Professora no ensino infantil, ela sabe da importância da presença das crianças nas escolas.

“A vacina tem extrema importância para a gente seguir em frente. Como professora, vejo muito a dificuldade que as crianças estão passando neste período de pandemia, sem socialização. A vacina veio para tirar um peso das costas dos pais, dos professores, para que a gente continue a nossa vida de forma mais normal. Claro que vamos continuar com os cuidados, o uso da máscara, a higienização das mãos. Mas acredito que com a vacina as crianças poderão se libertar um pouco mais, socializar e ter uma vida mais feliz”, avaliou.

Mãe do Murilo, Alessandra Microni participa ativamente de grupos que trabalham pela diversidade e inclusão de todas as crianças e destaca a importância da imunização.

“Para a criança que tem autismo e TDAH, o processo de estabelecer o social é muito importante. Com a pandemia, o Murilo teve uma perda muito grande porque ficou praticamente dois anos isolado dentro de casa, e isso prejudicou o desenvolvimento dele. Então, a vacina possibilita a volta do Murilo para dentro de uma sala de aula, para estar com outras crianças, desenvolver o prognóstico dele”, explicou Alessandra.

Segurança

Em Minas Gerais, a expectativa é a de que 1,8 milhão de crianças sejam vacinadas com a primeira dose até o final de março. O Estado tem a segunda maior população infantil do Brasil. Até o momento, Minas recebeu dois lotes de vacinas pediátricas contendo, ao todo, mais de 220 mil doses.

A vacinação infantil em Minas Gerais foi iniciada na última sexta-feira (14/1). Miguel Bittencourt, de dez anos, que possui autismo e é morador de Vespasiano, foi a primeira criança mineira vacinada no estado.

O secretário de Estado de Saúde, o médico Fábio Bacheretti, defendeu a vacinação do público infantil e explicou que ela é fundamental para combater a pandemia. Segundo ele, um estudo da SES demonstrou que o risco de alguém que não vacinou pegar a doença e vir a óbito é 11 vezes maior que aquela pessoa que recebeu o imunizante.

“Já está comprovada a redução dos casos graves da doença em pessoas que estão devidamente imunizadas. Por isso, pedimos que os pais ou responsáveis levem as crianças para serem vacinadas. Não há nenhuma dúvida em relação à segurança da vacina e não haverá nenhum tipo de documento obrigatório, como prescrição médica”, explicou o secretário.

Minas Gerais está entre os estados que melhor vacinou a população, com mais de 35 milhões de doses aplicadas.

Fonte: Agência Minas