De maneira bem resumida o fascista da extrema direita brasileira é aquele que odeia tudo que não é branco, cristão e heterossexual. A principal estratégia de agitação e propaganda dos fascistas brasileiros, é a produção do absurdo na internet e na televisão.
Bolsonaro era apenas um deputado do baixo clero desconhecido fora do Rio de Janeiro. A partir do momento em que Bolsonaro começa a aparecer em programas de televisão exalando preconceito contra gays, ele passa a ser conhecido pelo resto do Brasil. No primeiro momento era de se imaginar que aquele homem asqueroso e preconceituoso jamais teria o apoio da população, certamente foi isso que muitos profissionais de televisão imaginaram ao dar espaço para esta criatura grotesca, que gerava um entretenimento típico de circo de horrores. Mas infelizmente se enganaram terrivelmente, quanto mais Bolsonaro gritava frases racistas, misóginas, e atacava com fúria os homossexuais, mais ele se tornava popular, e uma parcela significativa da população já começava a desejá-lo como candidato à presidência. Neste ponto cabe uma pergunta inevitável, qual o percentual de preconceituosos nesse país?
Os programas de televisão que usaram Bolsonaro como palhaço de auditório, de maneira intencional ou por ignorância, contribuíram para uma estratégia tão antiga quanto o nazismo. É que essa história de colocar a culpa do fracasso de um país nas minorias e nos comunistas é bem antiga. Hitler deixou de ser apenas um desconhecido para vencer uma eleição na Alemanha, culpando os judeus e os comunistas pela situação difícil de seu país. O discurso nazifascista é sempre simplista, e busca bodes expiatórios em quem se coloca a culpa. Buscam causar o pânico moral com um discurso conservador, que atribui aos homossexuais a destruição moral de nossas crianças, com a conivência criminosa de professores comunistas doutrinadores. Na segurança pública o discurso fascista é igualmente simples, é só matar mais que o crime acaba.
Por mais que esse discurso pareça absurdo para pessoas esclarecidas e sensatas, tem aqueles que são ignorantes, e principalmente os que não são nem um pouco sensatos, e aderem a esse discurso. O que eu não pude imaginar é que estes seriam a maioria em 2018. Vale ressaltar que nem todos os eleitores de Bolsonaro são fascistas, um grande número de brasileiros votou neste verme desprezível por ignorância e desilusão com a política tradicional. Os que estavam enganados mudaram de posição, fazendo com que Lula vencesse em 2022. A tragédia é que quase a metade do Brasil votou no discurso fascista. O que nos coloca num abismo civilizacional, em que a possibilidade de termos um novo fascista ameaçando a democracia e as minorias permanece real e imediata.
Muito embora Bolsonaro tenha se tornado inelegível, e provavelmente estará na prisão antes da próxima eleição presidencial, não faltam candidatos ao posto de "Duce" tropical. Poucos dias atrás Romeu Zema discursou responsabilizando o Nordeste pelo atraso do Brasil. Parece que Zema já tem os seus judeus, para ele são os nordestinos. Teve até vereador de Patos de Minas, mostrando apoio a Zema, sugerindo que o Nordeste fosse separado do Brasil. Em São Paulo temos outro aspirante ao posto de "Duce", afim de agradar a multidão fascista, Tarcísio de Freitas elogia todo e qualquer banho de sangue promovido pela polícia Paulistana.
Eu não sei quem será o vencedor das próximas eleições presidenciais, mas o que posso afirmar com certeza, é que um candidato fascista, se não vencer, será por pouco. Estamos muito longe de nos livrarmos dessa ameaça. O fim do fascismo depende de investimento sério e duradouro numa educação humanista, e considerando o estado atual da educação, repito, estamos longe de nos livrarmos do fascismo!