O Professor-doutor Pedro Borges, que mora em Patos de Minas, mas também leciona na área de agronomia em João Pinheiro, relatou nesta quinta-feira (28) o drama que enfrentou ao ser confundido e preso em João Pinheiro. Ele ficou 4 dias sob custódia do estado após ser abordado quando entrava na faculdade para dar aula. Mesmo explicando que havia acontecido um mal-entendido, ele acabou preso e levado para o Presídio de Paracatu. Ele está fazendo um tratamento psiquiátrico e não tem conseguido dormir, com episódios de pesadelo.

Pedro Borges explicou como tudo aconteceu. Ele disse que, ao chegar na faculdade na quinta-feira (21), cumprimentou o porteiro, e logo em seguida foi abordado por policiais sem farda. Eles questionaram seus dados e, após confirmar, eles o pediram para sair da faculdade, quando lhe deram um mata-leão, quando começou a se debater porque pensou que se tratava de um sequestro, mas daí apontaram uma arma para sua cabeça. Em seguida, apareceu a viatura policial e os policiais fardados o algemaram.

Durante o trajeto, ele explicou que teria acontecido um mal-entendido porque já havia tido problemas quando clonaram seus dados e aplicaram golpes de estelionato, mas já havia sido absolvido nesses processos. No entanto, mesmo assim, ele acabou sendo levado para uma unidade de saúde, para ser atendido porque sentia muitas dores no pescoço e na garganta devido ao mata-leão, e depois para a delegacia e Presídio de Paracatu.

O professor explicou que foi fichado como acontece com todos os presos e ficou em uma cela com outros 3 detentos em condições bem insalubres. Ele foi liberado apenas no domingo (24) à tarde. Segundo ele, diversos conhecidos, inclusive delegado e policiais de Patos de Minas, entraram em contato com os policiais de João Pinheiro relatando que estava ocorrendo um erro, pois conheciam Pedro Borges, mas eles continuaram com os procedimentos.

Pedro explicou que foi bolsista da CAPS, fez mestrado e doutorado, tendo todos seus dados incluídos no Portal da Transparência e, bastava uma consulta, para verificar que tudo não se passava de um erro. A prisão seria por ordem judicial originada do Estado de Goiás por tráfico de drogas, mas ele nunca passou por aquele estado na época dos crimes relatados.

Ele agradeceu à família e amigos que se mobilizaram para que ele fosse liberado mais rápido. No entanto, ele ainda continua enfrentando o processo para comprovar a inocência. “Foram 11 anos de estudo e tudo foi bem humilhante. Deus foi muito generoso, cuidou bem de mim, tive um bom tratamento dos companheiros de cela. E que fique um exemplo para os profissionais terem mais atenção”, destacou.

Por fim, ele disse que está fazendo tratamento psiquiátrico e que não tem conseguido dormir à noite, tendo pesadelos e que a situação tem sido bem difícil. “A gente não controla os pensamentos”, disse subentendendo os momentos difíceis que enfrentou desde sua abordagem na quinta-feira (21), dentro da faculdade. Para tranquilizar, ele lembrou sobre este momento de Páscoa que se aproxima.

Guilherme Borges, irmão de Pedro Borges, informou que vai buscar reparação pelos erros cometidos tanto pelos policiais de Minas Gerais, quanto do Estado de Goiás. Também vai fazer uma representação na Corregedoria contra os policiais.