Eles são dependentes do crack e fazem de tudo para sustentar o vício, pedem, roubam, se prostituem. A informação só não seria tão chocante se não estivéssemos falando de crianças. O grupo é formado por 8 meninos e meninas. O mais velho é um garoto de 14 anos que atua como líder distribuindo as tarefas e orientando os colegas. O trabalho não é tão difícil já que as atividades do grupo se limitam a conseguir dinheiro e descer até o bairro Nossa Senhora Aparecida para comprar a droga. No meio da conversa ele confessa que os garotos também roubam e que as garotas de 10 e 12 anos estão se prostituindo para manter o vício, “elas ficam na rodoviária e chamam os velhos pra fazer negócio (sexo) e roubam as carteiras deles, som, esses trem assim” confessa. Enquanto a gente conversa o resto do grupo consome uma pedra de crack sem muita preocupação. O local usado por eles é um lote vago no cruzamento das ruas Acre e Carmo Paranaíba no bairro Santa Terezinha. Mesmo incomodado com a nossa presença o garoto conta, sem pudor, a triste rotina das crianças que parecem abandonadas a própria sorte, sem nenhuma perspectiva de futuro. Quando saímos do terreno baldio, um pouco mais adiante, encontramos outro membro do grupo. O garoto que aparece na foto tem só 11 anos de idade e já é um veterano no mundo das drogas. Ele foi viciado por um conhecido a cerca de três anos. No final da tarde o garoto de pés descalços, cabelos grandes e exalando o cheiro forte do crack chega para se juntar ao grupo. Ele trás R$3,00 que conseguiu em algumas abordagens. Ele terá o suporte do resto do grupo para conseguir comprar mais uma pedra. Cada criança chega a fumar dez pedras no dia, é o resultado de um faturamento que chega a R$50,00. O garoto que sonhava em ser policial já não pensa mais em futuro e não terá se ninguém fizer nada por estas crianças que estão sendo destruídas pelas drogas.