O amante e a mulher que planejaram a morte do marido em maio do ano passado sentaram no banco dos réus nessa terça-feira (11). Zélia Maria Gonçalves, de 45 anos e Paulo Roberto de Souza sentaram lado a lado para serem julgados pelo Tribunal do Júri. Com cabelos tingidos e 40 quilos mais magra, ela nem parecia a mesma pessoa presa em flagrante no dia do crime. Nos depoimentos, os dois confessaram o crime.

O crime aconteceu na rua Vicente Amâncio Silva, 155, bairro Guanabara. José Domingos Ponciano de Almeida, de 48 anos, foi encontrado morto pela própria esposa, com quem era casado há cerca de 13 anos. Ela acionou a Polícia Militar que não teve trabalho para descobrir a farsa montada por Zélia e o amante. Leia mais.

O plano começou a ser executado quando o jardineiro saiu para o trabalho na manhã de sábado, 17 de maio de 2009, exatamente no dia em que vencia a carência do plano funerário. Zélia abriu a porta e deixou que o amante Paulo Roberto de Souza e o filho dele Paulo Henrique Fagundes de Souza, de 18 anos, entrassem para cometer o crime. Paulo Henrique se escondeu atrás da porta e Paulo Baiano dentro do banheiro.

José Domingos foi recebido a pauladas, desferidas por Paulo Henrique. Para ter certeza da morte, Paulo Baiano desferiu mais 12 facadas na vítima já caída. Sete golpes atingiram o pescoço, três o peito e duas facadas perfuraram a mão. Após o crime, pai e filho pegaram um táxi e voltaram para o distrito de Brejo Bonito onde moram.

Quase um ano depois, no banco dos réus, Zélia chorou e disse que a morte do marido foi uma consequência das agressões que vinha sofrendo. Ela disse que José Domingos não aceitava a separação e a fazia viver sob constante ameaça. Zélia chegou a relatar que o marido a obrigava a fazer programas sexuais.

Paulo Baiano, o amante de Zélia, também relatou em seu depoimento que a mulher vinha sendo agredida pelo marido. Ele disse que decidiu matar José Domingos para por fim ao sofrimento da amante. Paulo deu detalhes do crime e mudou o depoimento anterior. Disse que foi ele quem deu as pauladas e o filho teria desferido os golpes de faca.

O Ministério Público pediu a condenação da mulher e do amante por homicídio triplamente qualificado. Paulo César de Freitas, o promotor responsável pelo caso, disse que Zélia e Paulo armaram uma emboscada para matar José Domingos e ficar com os bens do casal.


O advogado, Brian Epstein, disse que não. Ele fez a defesa do casal apresentando argumentos de que o assassinato teria sido por causa das agressões sofridas por Zélia. Brian reafirmou que o relacionamento dela com Paulo era público, e que a separação só não aconteceu por que José Domingos não permitia.

O julgamento que começou por volta de 13h30 entrou pela noite adentro. Já era quase 11h da noite quando o juiz Vinícius de Ávila Leite anunciou a decisão dos jurados. Zélia Maria Gonçalves, que não participou diretamente, mas teria planejado o crime, foi condenada a 19 anos de prisão. Paulo Baiano pegou uma pena de 16 anos e meio. O filho dele ainda será julgado.

O advogado de defesa, Brian Epstein, anunciou que vai recorrer para diminuir a pena que ficou muito acima do mínimo legal.