Criança exige atenção constante. Não há quem não tenha ouvido essa frase proferida por pais, avós, educadores e, principalmente, médicos. Isso porque os pequenos são curiosos, têm necessidade de explorar os ambientes, testar suas habilidades, embora não possuam noção de perigo. Com isso, o risco de acidentes é eminente. Em tempo de férias escolares aumenta o número de crianças atendidas nos hospitais. A pediatra do Ambulatório de Emergência do Hospital João XXIII, Marislaine Lumena de Mendonça, afirma que o movimento nesta época é grande. Ela ressalta que a maioria deles é previsível. “Brincar é uma atividade saudável, mas deve ser feita em um ambiente seguro. Cabe aos pais propiciar isso às crianças, sem colocar medo, mas mostrando os riscos”, afirma.

Crianças menores de 10 anos nunca devem ficar sozinhas em casa, sem a supervisão de um adulto. No ambiente doméstico, a cozinha representa o maior risco de acidente. Estatísticas nacionais mostram que 11% deles acontecem em meio a fogão, líquidos quentes, instrumentos de corte, botijão de gás, entre outros. A velha e verdadeira frase de alerta que “cozinha não é lugar de criança” deve ser seguida à risca. Ainda assim é preciso manter os cabos das panelas para dentro do fogão, esquentar produtos nas trempes de trás e não segurar crianças no colo quando estiver cozinhando. Outra dica é abolir o álcool líquido de casa, já que o frasco pode explodir. Além disso, a combinação do produto com fogo pode deixar queimaduras graves, seqüelas irreversíveis e até mesmo levar à morte.

Já os desastres no banheiro, onde as ocorrências mais comuns são intoxicação por medicamentos ou por produtos cáusticos, como alizante e amônia, além de afogamento em baldes de água e em vaso sanitário, representam 8% dos casos. Lumena de Mendonça ressalta que, de 2006 para 2007, os acidentes com produtos cáusticos aumentaram 46% nos hospitais de pronto-socorro de todo país.

Outra recomendação é o uso de capacetes, joelheiras e cotoveleiras quando for andar de bicicleta, patins e skate, para maior proteção, nos casos de queda.
Crianças menores podem ter sufocação ao engolir pequenos objetos que se desprendem de brinquedos, baterias de relógio, entre outros. Em época de festa julina, os balões e bexigas não devem ser diversão para crianças, pois há o risco de elas aspirarem. Por isso, é fundamental, conforme Lumena de Mendonça, respeitar a recomendação do fabricante sobre o limite de idade. Ainda dentro das residências, a pediatra recomenda cuidados com aparelhos elétricos, fios desencapados e tomadas, que devem estar tampadas.

Medicamentos e produtos de limpeza devem ser mantidos longe do alcance das crianças, para evitar possíveis intoxicações. Ela observa que os frascos e o conteúdo geralmente são atrativos, com cores fortes e vibrantes, podendo até mesmo ser confundidos com balas e refrigerantes, dependendo do recipiente que estiverem acondicionados.