Um jovem procurou a redação do Patos Hoje na tarde dessa terça-feira (26) relatando que foi impossibilitado de doar sangue no Hemocentro de Patos de Minas por causa de sua opção sexual. Segundo ele, o episódio teria lhe deixado bastante constrangido e triste por não poder contribuir para salvar uma vida. Ele afirma que é doador desde 2011 e que nunca havia passado por tal situação.
O fato teria acontecido na manhã dessa terça-feira (26) durante uma entrevista para doar sangue. O jovem de 22 anos contou que não foi realizado nenhum tipo de exame para diagnosticar alguma doença que o impossibilite de doar sangue e mesmo assim foi considerado inapto ainda na entrevista. “Eu não doei sangue porque eu fui sincero. Me perguntaram se eu tinha alguma doença e eu disse que não. Perguntaram se eu tive relacionamento sexual há menos de 12 meses eu disse que sim e logo em seguida me perguntaram se foi com homem ou mulher”.
A partir daí, segundo o jovem que é Técnico de Laboratório, a entrevista acabou se tornando uma das piores conversas de toda sua vida. “Quando eu falei que era com Homem, de prontidão a enfermeira já me descartou e disse que eu não estou apto para doar porque eu tive um relacionamento homo afetivo. Isso sem nem fazer um exame sequer para comprovar se eu sou ou não doente. Dentre todas as pessoas que estavam ali, eu fui o único a ir embora sem doar sangue. Se eu tivesse dito que me relaciono com mulheres eu poderia doar sem nenhum problema e isso para mim é um ato triste e discriminatório”.
Ele ainda conta que é doador há vários anos e que antes lhe foi entregue uma cartilha que ele leu e não identificou nenhum problema que o impossibilitasse de doar. “Eu sou doador de sangue desde 2011. Sempre doei e nunca tive problemas como esse. Agora eu tive que assinar um documento dizendo que eu sou inapto de doar sangue e preciso ficar um ano sem doar. Onde já se viu isso? Algumas pessoas acham que não, mas o preconceito está em todos os lugares, até onde as pessoas vão para salvar a vida de outras”, lamentou.
O jovem pede para que situações como essa não aconteçam mais. “É preciso informar a população de alguma forma. Deixar as pessoas cientes de quem pode e quem não pode doar e realizar exames para confirmar doença do doador ou não antes de impedi-lo de doar”, concluiu o jovem doador.
Norma do Ministério da Saúde e da Anvisa proíbe a doação de sangue por homossexuais que tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses. A medida, no entanto, é questionada no STF em uma votação que já foi iniciada, mas que está suspensa desde outubro do ano passado. Quatro ministros já votaram pela anulação da norma.
Nossa equipe de reportagem entrou em contato com a direção do Hemocentro de Patos de Minas, mas não obteve retorno.
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