Típica nessa época do ano, a varicela, também conhecida como catapora, é uma das doenças mais comuns da infância. Extremamente contagiosa, porém benigna, a doença apresenta baixa letalidade e é considerada uma doença autolimitada, ou seja, desaparece sozinha em poucos dias. Uma de suas características é aparecer em surtos epidêmicos, geralmente no fim do inverno e início da primavera, atingindo mais as crianças com menos de 10 anos de idade, fato confirmado com o número de casos ocorridos em Minas Gerais este ano.

De acordo com dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), até julho de 2011 foram notificados 4.441 casos de catapora em Minas, sendo que 84,75% dos casos acometeram crianças entre 0 e 9 anos, o que equivale a 3.764 crianças infectadas com a doença. A maior concentração de notificações aconteceu em junho, com 1.356 casos registrados.

Embora a vacina contra a varicela não faça parte do calendário básico de vacinação brasileiro, a forma mais eficaz de evitar a doença é com vacinação, que pode ser tomada a partir do primeiro ano de vida, sendo igualmente recomendada para adultos que não tiveram a doença quando crianças.

De acordo com a diretora de Vigilância Epidemiológica da SES-MG, Márcia Regina Cortez, a distribuição da vacina pelo Ministério da Saúde acontece em algumas situações pré-determinadas. Como é o caso da população indígena e dos portadores de algum tipo de imunodeficiência grave.

“A vacina  contra  varicela  está  disponível  nos  Centros  de  Referência  para Imunobiológicos  Especiais  (Cries) para  pacientes imunocomprometidos sem tratamento iniciado para radioterapia ou quimioterapia; para pacientes soropositivos (HIV+), bem como para familiares dos pacientes susceptíveis à doença; para pessoas susceptíveis que são candidatos a transplante de órgãos, pelo menos três semanas antes do ato cirúrgico; para os profissionais de saúde susceptíveis e para profissionais de saúde e familiares, que estejam em convívio hospitalar ou domiciliar com pacientes imunodeprimidos. Além disso, a vacina também é disponibilizada, como forma de bloqueio de surtos, em ambiente hospitalar e controle em creches (públicas ou privadas) nas quais a incidência da doença é maior do que em crianças da população em geral”, esclarece a diretora.

Sintomas e transmissão

Causada pelo vírus varicela-zoster, a catapora manifesta-se basicamente como um exantema vesiculoso (erupções rosadas na pele), pruriginoso (causa coceira) e generalizado (por todo o corpo), acompanhado de febre baixa (entre 37,5° e 39,5°). Também é comum surgir dor de cabeça, mal-estar, falta de apetite e cansaço.

A catapora pode ser transmitida por um indivíduo doente, pelo ar ou pelo contato direto com as lesões. Uma pessoa com varicela pode contaminar outras desde dois dias antes das erupções aparecerem, até cinco dias depois do surgimento da última lesão. “Por isso, o ideal é que as mães só levem seus filhos à escola ou à creche uma semana depois das feridas cicatrizarem”, alerta Márcia Regina Cortez.

Embora seja benigna em grande parte dos casos, a varicela pode apresentar algumas complicações, como infecções e pneumonia. Também podem acontecer complicações neurológicas como encefalite (inflamação do encéfalo) e, mais raramente, osteomielite (inflamação dos ossos e da medula óssea) e Síndrome de Reye (insuficiência hepática e coma).

É importante ressaltar algumas situações que podem tornar uma pessoa mais susceptível às complicações da catapora. Portadores de imunodeficiência; quem faz tratamento com imunossupressores (quimioterapia, radioterapia, corticóides em altas doses); crianças menores de um ano, adultos e gestantes correm mais riscos. “Algumas formas graves de varicela acontecem em recém nascidos, contaminados por mães que contraíram a doença entre cinco dias antes do parto e dois dias após. Se a mulher contrair a varicela quando estiver grávida, pode ocorrer a síndrome da varicela congênita. Neste caso é possível que a criança apresente baixo peso, atrofia de membros e cicatrização da pele dos membros, diminuição do córtex cerebral (atrofia cerebral) e retardo mental”, afirma a diretora.

Como evitar

Uma das formas mais eficientes de se prevenir a contaminação pela catapora é manter os cuidados básicos de higiene, especialmente manter as unhas bem aparadas e limpas, o que impede a contaminação das feridas. Para evitar a manifestação e possíveis surtos da doença, outros fatores e medidas preventivas devem ser levados em conta, principalmente quando já houver ocorrências na localidade, seja em casa, no trabalho, na escola ou creche.  São eles:

* Vacine as crianças contra a catapora no primeiro ano de vida. Os adultos que não receberam a vacina quando crianças também devem ser vacinados;

* Procure evitar contato direto com pessoas doentes;

* Não coçar as lesões para evitar infecções por bactérias;

* Lavar as mãos após tocar nas lesões, que potencialmente infecciosas. O uso do álcool em gel é aconselhável;

* Não arranque as crostas que se formam quando as erupções regridem;

* Mantenha o paciente em repouso enquanto houver febre;

* Ofereça ao doente alimentos leves e muito líquido;

* Isolamento – pessoas diagnosticadas com varicela só devem retornar à escola ou trabalho depois que todas as lesões tenham evoluído para crostas. É muito importante que elas não fiquem expostas, sob nenhuma hipótese, em meio a aglomerações ou festas;

* Pessoas imunodeprimidas, ou que apresentam curso clínico prolongado, só deverão retornar às atividades após o término da erupção.

Fonte: Agência Minas