Durante visita a Patos de Minas há alguns dias, o governador Romeu Zema aproveitou a cobrança de dois empresários do município, que utilizam geradores por falta de energia elétrica, para justificar sua proposta de privatização da Cemig. O governador tem feito críticas quase diárias à Companhia que ele mesmo administra, numa demonstração de incompetência e irresponsabilidade.

Ao criticar a incapacidade da Cemig de levar energia às indústrias mineiras, Romeu Zema atesta a deficiência de sua própria gestão, uma vez que é ele quem administra a Companhia Energética de Minas Gerais desde o início deste ano. A medida correta seria buscar alternativas para incrementar a capacidade de investimento da empresa.

Além disso, o comportamento de Romeu Zema de tecer críticas constantes à Cemig, deprecia o patrimônio que é de todos os mineiros. Se a intenção é privatizar a companhia, o governador joga fora a chance de alcançar um preço justo pela empresa no futuro. Nenhum vendedor põe defeito no produto que está na vitrine, a não ser que tenha outras intenções.

A Cemig anunciou lucro líquido de R$ 1,8 bilhão em 2018, aumento de cerca de 70% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre deste ano, a Companhia teve lucro líquido de R$ 2,7 bilhões. Mas, ao se tornar alvo de críticas do próprio governador, a Companhia perde fôlego no mercado. No terceiro trimestre de 2019, a Cemig acumulou prejuízo de R$ 281 milhões.

Pesquisa realizada no mês passado pelo Instituto MDA mostrou que 47,7% dos entrevistados são contra a venda da Cemig, 36,2% disseram ser favoráveis à privatização da estatal e 16,1% não souberam ou não responderam. Se a intenção do governador Romeu Zema é mudar esta estatística é melhor mudar a estratégia.