A crueldade envolvendo o assassinato da lojista Keila Cristina Miranda, 38 anos, ganhou novos fatos nesta quarta-feira (12). A família da comerciante contratou um advogado que já percebeu outros crimes praticados por Ronan Custódio, de 47 anos. Além de responder por feminicídio e estupro, ele pode ser indiciado também por furto, ameaça e tentativa de feminicídio contra a sócia de Keila.
Primeiro, Gustavo Miranda, filho de Keila, falou bastante abalado sobre como foi a convivência com o pai e agradeceu o apoio da população. Segundo ele, Ronan nunca foi um pai para ele. “Eu sempre passava e ia para o meu quarto. Eu nunca tive um pai mesmo”, disse. Gustavo contou que todos sofreram com Ronan. “O relacionamento conturbado vem desde muito tempo. Ele sempre ameaçava. Minha mãe disse que havia saído do cativeiro [após a separação]. Ela estava muito feliz. Ele xingava e palavras machucam”, relatou.
O jovem ainda relatou outras agressões praticadas por Ronan. De acordo com Gustavo, o pai chegou a agredir o avô e, quando a irmã, na época com 3 anos, foi lhe encontrar, ele acabou chutando um portão que caiu sobre ela faturando seu braço. Gustavo mostrou como foi difícil receber a notícia do ataque sangrento e todos estão sofrendo muito. Ele agradeceu aos amigos e todos da região que vêm lhe apoiando. Ele deseja que o pai fique preso para o resto da vida. “Minha mãe foi uma guerreira. Fico esperando todo dia, mas ela não chega”, disse. Por fim, ele orientou a todos que estiverem sofrendo este tipo de situação para denunciarem.
Henrique Marcos, patrão e amigo de Gustavo, disse que eles estavam indo para um encontro de caminhão em Curitiba/PR, a cerca de 800 quilômetros de Patos de Minas, quando Gustavo o chamou para conversar. Segundo ele, Keila havia falado para o filho que sentia muito medo de Ronan fazer alguma coisa com ela. Henrique mostrou todo o apoio e durante o almoço viu Gustavo receber a notícia do ataque. “Ele voltou o arroz. Colocou o dedo no olho, chorando”, disse. Por fim, ele enfatizou que todos querem justiça, porque estão todos revoltados.
O advogado Alexandre Gonçalves é quem vai trabalhar como assistente de acusação. O procurador destacou a ajuda que a família vem recebendo e o trabalho da delegada Tatiana Carvalho Paiva que preside o inquérito. Ele citou situações que mostram o perfil altamente agressivo de Ronan. Segundo ele, uma familiar contou que, no passado, o acusado já havia a agredido fisicamente e ele chegou a tentar matá-la. Um tio também teria afirmado que Ronan é extremamente agressivo.
Com relação ao crime, o advogado disse que ele planejou tudo antes. Segundo ele, Ronan teria vendido um carro e uma moto no dia anterior. “Isso porque ele estava na esperança de sair do flagrante e ficar em liberdade. Ele é extremamente perigoso. Tem que denunciar. Olha o que este infeliz provocou. Não vamos desistir. Este crápula, e criminoso. Você não vai ficar no esquecimento. Esse cara não pode voltar”, falou com exaltação. Alexandre ainda relatou que Ronan ligou no colégio e procurou pela filha, o que poderia ter sido já um plano para atentar também contra ela.
Com relação ao assassinato, o advogado frisou que a testemunha presencial contou que Keila estava sentada na loja, ele invadiu o comércio, colocou o revólver na cabeça dela e desferiu um tiro. Ela caiu e ainda suplicou pela vida, mas ele desferiu outros dois tiros. Depois, ele correu e tentou matar a sócia dela. Mas ela correu puxando o sofá e se trancou no banheiro. Ele foi atrás, mas tropeçou e, com gritos, a vítima conseguiu que ele fosse embora. O advogado destacou que Ronan deve responder por feminicídio, “que está mais que estampado”. O estupro também está configurado. No entanto, ele deve responder também por furto, já que ele furtou a moto do avô do Gustavo que estava na porta da loja para fugir e cerca de R$250,00 do caixa do comércio. O acusador ainda contou que Ronan deve responder por ameaça. “Queremos que ele fique preso de 20 a 25 anos. Ele tem que ser condenado a mais de 30 anos”, concluiu mostrando indignação.
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