Nos últimos anos, a saúde pública em Patos de Minas sofreu perdas importantes, principalmente na chamada alta complexidade. A mais significativa delas, o serviço de cardiologia que era oferecido pelo Hospital Vera Cruz. O tratamento de doenças do coração, inclusive com cirurgias cardíacas para implante de marcapasso e ponte de safena, deixou de ser oferecido há cerca de 4 anos.

Com a tabela do SUS defasada há anos para os serviços de cardiologia e hemodinâmica, a direção do hospital pedia uma complementação dos valores por parte da prefeitura. Sem acordo, o hospital deixou de oferecer os serviços pelo SUS, e os pacientes com problemas cardíacos, que eram atendidos em Patos de Minas, passaram a ser encaminhados para São Sebastião do Paraíso, tendo que viajar mais de 400 quilômetros.

E as perdas foram além. Com o fim da prestação dos serviços de cardiologia e hemodinâmica pelo SUS, Patos de Minas perdeu também leitos de UTI, clínica médica e o serviço de litotripsia, que consiste em implodir ou triturar os cálculos renais e ureterais que se encontram no trato urinário por um sistema a laser.

Patos de Minas perdeu também os serviços laboratoriais que eram oferecidos pelo Laboratório Manoel Dias. E na reorganização do fluxo de atendimento no Hospital Regional Antônio Dias, o pronto-socorro que tinha portas abertas para os patenses passou a ser restrito, com controle feito por serviço de regulação da Superintendência Regional de Saúde. O Hospital é referência para 33 municípios da região e está sempre superlotado.

Mas a maior perda veio com o fechamento do Hospital São Lucas, que há anos vinha sofrendo com a baixa remuneração por parte do SUS. Mais de 60 leitos de UTI adultos e pediátricos deixaram de existir, as gestantes perderam a maternidade, dezenas de leitos de enfermaria foram fechados e o serviço de hemodiálise foi transferido para a Clínica do Rim, mas sem leitos de retaguarda.

O Hospital São Lucas também possibilitava a realização de diversas cirurgias eletivas, além de possuir credenciamento dos serviços de oncologia que são prestados pela Clínica AZ do Noroeste. Esse serviço foi descredenciado pelo SUS e os pacientes de câncer correm risco de ter que buscar tratamento em outras cidades.

Com o fechamento do São Lucas, que causou uma superlotação ainda maior da UPA e do Hospital Regional, as lideranças do município aceleraram o processo de criação da Santa Casa de Misericórdia. O bloco cirúrgico foi inaugurado, e o Ministério da Saúde credenciou 30 leitos de UTI, mas ainda falta muito para recuperar os serviços de saúde que o município perdeu nos últimos anos. Outra proposta é a ampliação do Hospital Regional Antônio Dias.

Questionada sobre as perdas da saúde em Patos de Minas nos últimos anos, a Secretaria Municipal de Saúde destacou os avanços alcançados ao longo de 2021.

“Mesmo com tantas adversidades, conseguimos alcançar avanços no ano de 2021, como criar a reabilitação cardiopulmonar de pacientes pós-Covid-19 no Centro Especializado em Reabilitação - CER; retomar o serviço de implantação de próteses dentárias; ampliar a equipe multiprofissional e inserir instrutor de ofício em ambos os CAPS; ampliar a equipe médica e multiprofissional da Clínica de Especialidades; terceirizar a gestão administrativa do CEAE para Cisalp, o que aumentou a oferta de serviços. Fizemos também a aquisição de nove ambulâncias para melhorar a frota do TFD.

Também evoluímos em relação às filas de espera na saúde. Zeramos as filas de consulta ginecológica, obstétrica, pediátrica, pneumologia adulto e infantil, mastologia; dos exames de mamografia, tomografia sem contraste, biópsia de próstata, coloproctologia, eletroencefalograma; e cirurgia de catarata. Exames laboratoriais nas USFs que levavam até seis meses para ser marcados, hoje são autorizados na mesma semana. Além disso, estamos com reformas em andamento no Samu, USF Várzea e UPA. E instalamos também um novo Centro de Enfrentamento à Covid-19”.

Além dos avanços na habilitação de novos serviços na Santa Casa de Misericórdia de Patos de Minas, a expectativa este ano é de que o SAMU Regional finalmente seja implantado. O processo se arrasta há cerca de 8 anos e, finalmente, deverá ser concluído em 2022.