Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
teriam identificado “ameaças” aos atos pró-democracia programados para esta
segunda-feira (8), dia em se completa um ano da invasão e depredação do Palácio
do Planalto, Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) por
vândalos golpistas.
A informação foi tornada pública pela União dos
Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis). Em nota divulgada na
noite de domingo (7), a entidade que representa os servidores da agência afirma
que os agentes detectaram “ameaças ao aniversário da fatídica data do dia 8/1”.
Na nota, a entidade não fornece outras informações, além
desta. Consultada pela Agência Brasil a respeito da gravidade das supostas
ameaças, a Intelis se limitou a explicar que, por razões de segurança, está
impedida de detalhar as conclusões a que os servidores chegaram após monitorar
diversas situações e projetar diferentes cenários.
Ainda de acordo com a associação, os servidores da agência
informaram às autoridades de segurança competentes sobre as eventuais ameaças,
bem como suas conclusões.
A Agência Brasil consultou a Abin, o Ministério da Justiça e
Segurança Pública e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e
segue aguardando manifestações destes órgãos públicos.
Desvios individuais
Divulgada às vésperas da realização de uma série de atos por
todo país, a nota da Intelis defende a atuação dos servidores da Abin,
apresentando um resumo das atividades de inteligência realizadas, segundo a
entidade, para “proteger as instituições democráticas e o processo eleitoral”
no Brasil.
Além de sustentar que, desde 1999, quando a Abin sucedeu o
extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), os servidores prestam apoio
técnico especializado à Justiça Eleitoral, a Intelis afirma que, a partir de
2016, “diante de um quadro de polarização política que não ocorre somente no
Brasil”, os profissionais passaram a atuar mais ativamente no combate a
tentativas de interferência no processo eleitoral, incluindo o monitoramento da
possibilidade de ataques cibernéticos e de divulgação de informações falsas.
“No dia da [última] eleição, em 2022, o Centro de
Inteligência Nacional, nome de então do departamento da Abin dedicado à
inteligência interna e corrente, foi responsável por produzir atualizações
temáticas durante a votação, mantendo consciência situacional sobre todos os
aspectos do pleito eleitoral, inclusive eventos que interferiram na liberdade
de ir e vir dos cidadãos e que eram prontamente difundidas para as
autoridades”, informa a Intelis.
A associação assegura que a atuação dos servidores da Abin,
em parceria com outros órgãos públicos, “antecipou e evitou que as eleições no
país ficassem vulneráveis a ataques de atores interessados em descredibilizar o
robusto processo eleitoral brasileiro”.
A entidade também menciona, na nota, o monitoramento de
grupos extremistas por servidores da Abin. “Desde 2016, em razão do
recrudescimento de antagonismos políticos com retórica violenta, a Abin produz
conhecimentos a respeito de atores que ameaçam a estabilidade das instituições
democráticas e, em diversas oportunidades, alertou as autoridades e parceiros
sobre ameaças de eventos violentos ideologicamente motivados”.
A Intelis acrescenta que, mesmo após o segundo turno das
eleições presidenciais de 2022, os servidores da Abin seguiram monitorando os
desdobramentos do processo eleitoral, “pois já estavam previstos inconformismos
e atos violentos por [parte de] uma minoria de eleitores insatisfeitos com os
resultados da eleição”.
“Mesmo em meio a ataques de atores mal intencionados, que tentam atribuir malfeitos a Abin e aos seus servidores e transformar alegados desvios individuais em ataques políticos para a desestabilização de toda a instituição, seguimos trabalhando incansavelmente”, conclui a a Intelis.
Fonte: Agência Brasil
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