Leite, queijos, iogurte, manteigas e todos os produtos laticínios vêm apresentando alta surpreendente de preços nas últimas semanas. Esse grupo de alimentos teve participação importante na alta de 0,71% na inflação do mês de junho. Nos últimos 12 meses, o IPCA, que é o índice usado para calcular a inflação do país, alcançou 11,89%.

Com alta de 37,61% nos últimos meses, o leite e seus derivados tem, pesado no bolso do consumidor, até mesmo em Patos de Minas, o segundo maior produtor de leite do país. O queijo muçarela, por exemplo, que é bastante usado nos mais diversos pratos, dificilmente é encontrado por menos de R$ 60,00 o quilo nos supermercados da cidade. Já o leite longa vida, o mais consumido, é vendido por até R$ 8,00 o litro, dependendo do comércio escolhido.

Representantes do setor afirmam, no entanto, que a alta era inevitável. Segundo o presidente da Coopatos, José Francelino, o custo de produção vem sofrendo altas seguidas ao passo que a remuneração aos pecuaristas se manteve inalterada nos últimos anos. Ele também é pecuaristas e disse que muitos pequenos produtores desistiram da atividade por que não conseguiram arcar com os custos de produção.

Para piorar a situação, este ano, a silagem produzida pelos produtores para alimentar o gado na seca foi afetada por questões climáticas e a compra do concentrado aumentou ainda mais o custo de produção. “É impossível produzir leite com os preços que estão sendo pagos hoje”, disse José Francelino. Ele explicou que o preço do adubo, que custava em torno de R$ 1.300,00 a tonelada, agora é vendido a R$ 8 mil.

Segundo o presidente da Coopatos, o preço que os consumidores estão pagando nas gondolas pelos produtos lácteos ainda não chegaram aos produtores. Ele afirmou que sem uma correção na remuneração dos pecuaristas leiteiros, além de pagar mais caro, os consumidores poderiam ficar sem produtos.

“Querer imputar ao produtor como vilão dessa história é uma injustiça do tamanho do mundo”, enfatizou José Francelino. Segundo ele, é preciso acompanhar a evolução da produção para saber como ficará o mercado. O presidente da Coopatos afirmou que existe uma escassez de leite atualmente e enquanto estiver faltando produto os preços em alta.