O advogado Thiago Alves mostrou as imagens e denunciou o caso nesta terça-feira (24). O cliente dele, Rodrigo Moreira dos Reis de 41 anos, teria sido covardemente agredido, espancado e torturado por um policial militar aposentado de arma em punho no último dia 15 de janeiro, em Lagoa Formosa. O policial disse, em versão diferente, que estava em uma confraternização onde o rapaz teria chegado e ameaçado a todos. Câmeras de segurança flagraram parte da ação do policial militar aposentado o que comprova contradições daquilo que foi registrado na ocorrência.

O fato aconteceu no bairro Nossa Senhora do Rosário em Lagoa Formosa. De acordo com o advogado Thiago Alves, seu escritório foi procurado por Rodrigo que relatou ter sido agredido, torturado e ameaçado. Em conversa com nossa reportagem, Rodrigo contou que que saiu de casa para comprar uma fita isolante e na ida passou em frente à residência de um vizinho com quem teria tido um desentendimento. Segundo ele, o vizinho o viu passando e disse para o amigo policial militar: “É aquele ali ó”.

Ainda segundo Rodrigo, na volta, o policial militar reformado, identificado como Anderson Gleice Rodrigues, foi atrás dele de arma em punho. Imagens de câmeras de segurança da Rua Toezinho Augusto mostram Rodrigo caminhando até o portão de casa. No momento em que ele abre o portão, Anderson vem logo atrás já com uma arma de fogo nas mãos. Quando se aproxima da vítima, o policial militar desfere uma coronhada com a arma de fogo no rosto dele. Ainda segundo Rodrigo, foram minutos de terror e desespero.

“Ele me bateu com socos, chutes na barriga, nas costas, no rosto, na cabeça. Ele me machucou bastante no interior do imóvel”, disse Rodrigo. O advogado salientou que seu cliente foi injustamente agredido o que foi explicado com uma situação inventada em que o policial militar aposentado invadiu o domicílio de Rodrigo. Ainda segundo o Dr. Thiago Alves, a ação foi completamente fora dos padrões das abordagens da Polícia Militar e que o militar aposentado teria abusado de seu direito.

O Dr. Thiago Alves reforçou ainda que seu cliente nega que tenha ido até a residência do vizinho e o ameaçado. Segundo o defensor, o policial militar aposentado teria sido arbitrário em espancar o seu cliente sem acionar a Polícia Militar. Por fim, ele destacou que existem leis e as leis devem ser seguidas, principalmente pelos policiais.

Nossa reportagem também entrou em contato com o policial Anderson Gleice. Segundo o militar, estava em uma confraternização na casa de parentes quando Rodrigo chegou ao local ameaçando a todos porque, segundo Anderson, Rodrigo é implicado com o proprietário da residência. Ele disse ainda que, se sentiu ameaçado e só agrediu Rodrigo por medo de ser agredido com um pedaço de pau. Após isso, o próprio Anderson teria dado voz de prisão a Rodrigo. “Eu falei, você está preso, vamos chamar a polícia. Mas o pessoal da casa preferiu deixar para lá. Depois ele voltou com uma enxada nas mãos e foi aí que consegui imobilizar ele e chamamos a polícia”, disse Anderson.

De acordo com a ocorrência policial, o militar da reserva foi quem acionou a Polícia Militar para atender a uma ocorrência de ameaça e posse de arma branca no bairro Nossa Senhora do Rosário. Quando os militares chegaram no local, se depararam com Anderson imobilizando Rodrigo. Anderson disse aos policiais que Rodrigo havia invadido uma confraternização e ameaçado a todos com uma enxada e por isso eles entraram em luta corporal.

Na ocorrência diz ainda que Rodrigo foi encaminhado ao hospital, pois estava bastante machucado. Posteriormente, ele foi encaminhado para a delegacia. Na ocorrência policial registrada no dia dos fatos não contém a versão apresentada por Rodrigo e também não fala nada em relação à arma de fogo.

Ainda de acordo com a ocorrência policial, Rodrigo e o morador da casa onde estava acontecendo a confraternização possuem divergências já há algum tempo. Inclusive outros boletins de ocorrências já foram registrados em relação às divergências entre os dois. De acordo com o Dr. Thiago Alves, seu escritório irá ingressar com uma ação na justiça a fim de pleitear uma condenação cível, criminal e administrativa contra o policial militar.