A morte de duas bebês, de apenas 8 meses, resultou no indiciamento da mãe das crianças, de 28 anos, e do pai delas, de 31. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) com a responsabilização da dupla pelos crimes de homicídio - qualificado pelo motivo fútil, por meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima -, ocultação de cadáver e tortura.

Conforme apurado, uma das gêmeas foi morta no dia 29 de julho de 2023, no bairro Jardim Teresópolis, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O corpo da menina foi ocultado no dia seguinte, na divisa de Contagem e Betim, próximo a uma linha férrea (no Parque dos Bandeirantes). A morte da outra bebê ocorreu em 11 de agosto do mesmo ano, também em Betim, sendo o corpo da criança abandonado à beira da BR 381, no dia do óbito.

“O que mais assusta nessa história é que as mortes não foram nem no mesmo dia, para dizer que foi uma situação impensada, no desespero, o que não justifica. As mortes tiveram um espaço de aproximadamente um mês”, evidencia a chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), delegada-geral Alessandra Wilke.

Investigações

No dia 7 de julho deste ano, por meio de uma denúncia anônima, a PCMG foi informada sobre o homicídio e a ocultação de cadáver das vítimas. No dia 12 de julho, após levantamentos, uma equipe da Delegacia Especializada de Homicídios em Sabará foi até a casa da suspeita, no bairro Vila Rica, sendo a mulher localizada e conduzida à delegacia, onde confessou que estava presente quando as filhas foram mortas, atribuindo a execução dos crimes ao companheiro.

À época, a mulher foi presa por ocultação de cadáver e, posteriormente, teve a prisão convertida em preventiva.

No dia 25 de julho, o homem de 31 anos, que estava foragido, também foi preso preventivamente e encaminhado ao sistema prisional. Ele confessou os crimes, apresentando uma versão diferente da suspeita, mas compatível com as provas reunidas.

Detalhes dos crimes

Durante depoimento, o investigado teria informado que “no dia 29 de julho, eles estavam em casa, quando uma das meninas começou a chorar insistentemente e a mãe colocou uma meia na boca dessa criança. Depois de um tempo, ela morreu sufocada”, contou o delegado.

De acordo com Humberto, após a morte da bebê, os suspeitos foram até uma festa junina que acontecia em Betim levando as duas crianças no carrinho: uma viva e a outra, morta. “O que mais chamou a atenção é que eles ainda tiraram foto e postaram nas redes sociais que estavam no evento”, relatou o policial.

No mês seguinte, mais uma vez a suspeita teria se irritado com o choro da outra filha. Ela então teria sacudido a menina com extrema violência, fazendo a filha desfalecer. “Eles colocaram a bebê no berço e não prestaram socorro, deixando essa menina por sete dias no berço sofrendo e agonizando”, acrescentou o delegado.

Depois de ocultar o corpo da segunda filha, o casal ainda jantou e se hospedou em um hotel.

Os detalhes dos crimes foram revelados pelo pai das gêmeas. “O próprio pai contou para nós porque, para ele, como não praticou os atos de execução, acreditou que não ia responder pelo crime”, contou Humberto.

Crime oculto

O delegado Humberto Cornélio explica que o casal, que morava em Sabará, na RMBH, não mantinha proximidade com familiares e amigos, assim como não se relacionava com vizinhos, motivo pelo qual a morte das crianças não foi constatada por ninguém ligado aos suspeitos.

A revelação dos homicídios ocorreu após a suspeita decidir pôr fim ao relacionamento com o companheiro, em junho de 2024, motivo pelo qual o homem começou a ameaçar tornar público os crimes. O investigado contou aos policiais, inclusive, que seria o responsável pela denúncia anônima, formalizada por meio do Disque 181, relatando o crime.

Apesar dos esforços de várias equipes da PCMG, os corpos das crianças não foram localizados, tendo em vista uma série de fatores dificultadores, como o tempo decorrido do crime, as condições climáticas das áreas onde as meninas foram deixadas, assim como pela composição corporal frágil das vítimas.

Fonte: Ascom PCMG