Laudo da Polícia Civil que comprova a fraude.

Quatro estudantes de medicina do Centro Universitário de Patos de Minas – Unipam -  são acusados de fraudar o vestibular deste ano.  Eles foram identificados na Operação Dublê desencadeada pela Polícia Civil. Os alunos teriam contratado uma quadrilha para fazer as provas. A própria instituição recebeu a denúncia e encaminhou para investigação.

Foram quatro meses de investigação até que o inquérito de fraude no vestibular de medicina fosse concluído. O trabalho começou com uma denúncia de que um aluno teria faltado às provas do vestibular e de que outra pessoa teria realizado o teste em seu lugar. A direção do Unipam encaminhou o caso para a Polícia Civil. Toda a turma passou a ser investigada.

Ao invés de um suspeito, a Polícia Civil identificou quatro estudantes que não teriam realizado as provas. Danilo Barbosa Resende, de 18 anos, passou em quinto lugar. A redação que ele supostamente fez chama a atenção. O candidato cita o ex-ministro e economista Delfim Neto e usa palavras como Homo Sapiens na Gaia e iconográfico. No depoimento à polícia, no entanto, Danilo disse que não conhece Delfim Neto, que não sabe o que significa Homo Sapiens na Gaia e muito menos iconográfico e que não usou essas palavras em sua redação.

A investigação se baseou também no trabalho da perícia. A letra da redação foi comparada a dos trabalhos feitos em sala de aula. De acordo com o perito Marcelo Ferreira, mais de cem divergências foram encontradas na caligrafia dos estudantes. O perito criminal Reginaldo Cadete explicou que cada pessoa tem um jeito diferente de escrever  e que o desenho da letra é só mais um detalhe.

Para um dos suspeitos, no entanto, os peritos nem tiveram tanta dificuldade. Eduardo Bodanese Fontana, de 32 anos, errou o próprio nome. De acordo com o delegado Luiz Mauro Sampaio, que coordenou as investigações, apesar da negativa dos acusados, não há dúvidas de que esses alunos não realizaram as provas do Unipam.

Quatro alunos foram indiciados por estelionato. Arthur Queiroz de Oliveira, de 29 anos, que é natural de Natal e que teria passado no vestibular em 16º lugar, Marcos Lázaro Donato Barbosa, de 22 anos, que é natural de Guanambi (BA) e que teria passado em 42º lugar, Danilo Barbosa Resende, de 18 anos, que é natural de Porangatu (GO) e que teria passado em 5º lugar e Eduardo Bodanese Fontanta, de 32 anos, que é natural de Lages (PR) e que teria passado em 35º lugar no vestibular do Unipam.

Os quatro estudantes estavam frequentando normalmente as aulas do curso de medicina do Centro Universitário de Patos de Minas. Henrique Carivaldo Miranda, diretor pedagógico do Unipam,  informou que a instituição já abriu um procedimento administrativo para desligar os quatro alunos. Ele destacou que a denúncia partiu do próprio Unipam  e reforçou o rigor da instituição em casos de suspeita de fraude, como ocorreu em 2010 quando um candidato saiu preso de dentro do Campus.

O delegado regional Elber Barra Cordeiro disse que o próximo passo da Operação Dublê será para identificar as pessoas que realizaram as provas. Segundo ele, a suspeita é a de que uma quadrilha foi contratada para fraudar o vestibular do Unipam. Cada aluno teria desembolsado R$ 50 mil para esta quadrilha.

Autor: Maurício Rocha