No mês em que as ações de saúde são direcionadas para alertar contra o câncer de mama, a sociedade brasileira recebe uma ótima notícia, que vem de Patos de Minas. Uma pesquisadora patense, professora-doutora da UFU – construiu por engenharia genética um anticorpo capaz de reconhecer o câncer de mama e de apontar a possibilidade de evolução da doença.
O anticorpo é resultado de cinco anos de pesquisas realizadas pela professora Thaise Gonçalves Araújo do curso de biotecnologia da UFU Patos de Minas, vinculado ao Instituto de Genética e Bioquímica da UFU. Ela iniciou os estudos para a elaboração das teses de mestrado e doutorado, em parceria com outros pesquisadores.
O grupo manipulou material genético de dez pacientes que tinham câncer de mama e, consequentemente, desenvolveram anticorpos contra o tumor. A partir da informação do material genético dessas pacientes, os pesquisadores construíram uma variabilidade de anticorpos muito maior do que as próprias mulheres tinham. Foram selecionados aqueles que reconheciam proteínas tumorais e chegou-se ao Fabc4, o anticorpo que reconhece proteínas do câncer de mama.
“Quando testamos esse anticorpo vimos que ele conseguia diferenciar as pacientes que tinham câncer daquelas que tinham doenças benignas. No grupo de pacientes com câncer vimos que ele identificava as que tinham tumores de grau três ou triplos negativos, para os quais só tem um tipo de tratamento, quimio e radioterapia”, explica Thaise.
A descoberta do anticorpo rendeu à pesquisadora o Prêmio Octavio Frias de Oliveira de 2015, realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), em parceria com o grupo Folha de São Paulo. O trabalho foi reconhecido no quesito Inovação Tecnológica.
Também participaram do estudo os professores Luiz Ricardo Goulart Filho (Ingeb/UFU) e Iara Cristina de Paiva Maia (Faculdade de Medicina/UFU), além de profissionais do Hospital do Câncer de Barretos e do A. C. Camargo Câncer Center. A pesquisa, que teve início no mestrado de Thaíse Araújo, foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Os resultados alcançados até agora causam entusiasmo, mas a pesquisadora sabe que ainda há um longo caminho a percorrer até que os benefícios do estudo efetivamente cheguem aos pacientes. O próximo passo agora é testar o anticorpo em células tumorais. “Queremos saber se além desse perfil diagnóstico o anticorpo pode, por exemplo, conter a proliferação ou induzir à morte de células tumorais”, afirma Thaíse.
Após os testes em células in vitro e células vivas, são feitos os testes em animais e só depois em humanos. Segundo Thaise a expectativa é de que os testes em animais sejam iniciados em aproximadamente oito meses.
Autor: Maurício Rocha
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