Diante da demoro na definição do processo, os familiares decidiram tornar o caso público.

A quantidade de processos que se acumulam nas poucas varas existentes na Comarca de Patos de Minas tem aumentado a angústia e o sofrimento de muitas pessoas que aguardam uma decisão da justiça. É o caso do aposentado Simão Mateus de Lima, de 74 anos. Vítima do que seria um erro médico, ele aguarda há 11 anos por uma solução para o caso.

Tudo começou com um acidente de trânsito no dia 06 de fevereiro de 1998. O motorista Simão Mateus chegou ao Hospital Regional consciente e, segundo os familiares, o médico receitou apenas alguns comprimidos. No dia seguinte, no entanto, um neurologista encaminhou o paciente para outro hospital e indicou a realização de uma cirurgia, já que havia uma fratura em uma das vértebras.

Segundo os familiares do senhor Simão, a cirurgia foi feita na noite do mesmo dia e mudou a vida do motorista para pior. O paciente que estava consciente e com total autonomia começou a perder os movimentos do corpo e a ter frequentes convulsões. As sessões de fisioterapia não surtiam efeito e mesmo assim o médico que realizou a cirurgia afirma que o quadro era normal.

Um mês depois, diante do quadro que só se agravava, os familiares decidiram levar o senhor Simão em outro hospital. Um exame de tomografia revelou que um pedaço de broca foi esquecido dentro da cabeça do senhor Simão durante a cirurgia. Um novo procedimento cirúrgico foi realizado, o objeto estranho foi retirado, mas as sequelas já eram evidentes. O motorista já não conseguia mais sair da cama.

Diante de tantas dificuldades, inclusive para comprar medicamentos, a família do senhor Simão decidiu acionar a Justiça. A ação por danos morais e materiais foi ajuizada em 2003 com valores fixados em R$ 732 mil. Os valores foram calculados com base nos salários que o paciente deixou de receber e nos gastos que a família teve após a cirurgia.

A ação tramita na 1ª Vara Cível de Patos de Minas e, em 11 anos de espera, apenas uma audiência foi realizada. Hoje o senhor Simão está aposentado por invalidez, mas chega a tomar mais de 10 medicamentos por dia e mesmo assim ainda sofre com as sequelas.

Angustiado com a situação, ele decidiu tornar o caso público e fazer um apelo para uma solução mais rápida para o problema.

Atualmente, a justiça mineira está em recesso desde o dia 20 de dezembro. As atividades voltarão à normalidade no dia 6 de janeiro.

Autor: Maurício Rocha