O médico pediatra Domingos Sávio Gomes não é mais o diretor técnico da UPA Porte III. Ele deixou a direção da unidade esta semana e, numa espécie de desabafo, detonou a saúde pública de Patos de Minas. O médico havia sido convidado pelo prefeito Pedro Lucas para coordenar a abertura da Unidade de Pronto Atendimento e não chegou a permanecer dois meses no cargo.
Domingos Sávio havia sido convidado para falar sobre o convênio entre a Prefeitura e o Unipam no programa Guy Boaventura da NTV. Mas como havia deixado a direção da UPA Porte III na véspera, a pauta da entrevista ganhou um novo rumo. Na verdade o médico aproveitou o espaço para fazer um desabafo.
Ele reclamou principalmente da demora para resolver as questões da saúde. “O Raio X tá lá para ser montado e não se consegue, precisa de uma paredinha... precisa de alguma coisinha lá, e não se consegue... Precisa de um fluxômetro para poder ligar os respiradores que vão dar salvavida para quem tá precisando dele ali, você não consegue. Você pede uma vez, pede duas... fica cansativo, fica parecendo que você é que é a dificuldade. Então é melhor que a gente saia e talvez com outra pessoa isso pode acontecer”, desabafou.
O ex-diretor também reclamou da dificuldade para completar o quadro de funcionários. “A saúde não dá para se esperar. Por exemplo, hoje você tem uma escala lá para pediatria que amanhã tá descoberta! Sábado não tem pediatra na UPA... e na sexta-feira passada estava vindo um colega nosso de Belo Horizonte para dar um plantão aqui e a hora que eu ligo e pergunto se já posso dar o plantão para o pessoal aqui, não, não pode. Ainda consegui parar o rapaz (médico) perto de Pará de Minas pra ele voltar pra trás” reclamou o pediatra.
Domingos Sávio reclamou até mesmo das condições de higiene na recém inaugurada Unidade de Pronto Atendimento. São apenas duas pessoas para fazer a limpeza da estrutura que tem capacidade para atender uma região com 250 mil moradores. O médico também reclamou que está havendo uma redução na estrutura de atendimento à população. “Nós temos duas crianças, pelo menos, por mês, vítima de traumatismo craniano... o único lugar público que eles tinham era o Vera Cruz, foi descredenciado”, informou.
E por falta de estrutura de atendimento, segundo o pediatra, o município está perdendo verbas da saúde. “Isso não é tão divulgado, mas Patos, este ano, já devolveu uma ou duas vezes verbas de mutirão de saúde, na ordem de R$ 600 (mil), R$ 800 mil para fazer cirurgias... Patos tem devolvido com frequência esses recursos, porque, porque não tem lugar para se fazer isso”, destacou o ex-diretor.
Patos de Minas tem cerca de 6.000 pacientes aguardando na fila por uma cirurgia, segundo dados divulgados pelo próprio prefeito Pedro Lucas. Esse número, no entanto, deve ser um pouco menor, já que, segundo Pedro Lucas, pessoas que constam na fila de espera já morreram sem conseguir o tratamento.
Diante de tantas dificuldades, o médico pediatra informou que preferiu deixar o comando da entidade. “As pessoas estão se doando... mas a gente sabe que daqui uma semana vai tá tudo do mesmo jeito. Então é um desabafo, mas que, com isso aí, se dê uma deslanchada nessa administração”, conclui o ex-diretor.
O secretário municipal de administração, Dirceu Deocleciano Pacheco, disse que não vai comentar as declarações do ex-diretor.
Autor: Maurício Rocha
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