O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro
Luís Roberto Barroso, afirmou nesta terça-feira (8) que jamais serão esquecidos
os atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado, quando a sede da Corte foi
invadida e depredada, e que se deve “manter viva a memória” daquele dia.
Ele voltou a criticar os “falsos patriotas” e “falsos
religiosos” que participaram dos ataques em “alucinação coletiva”, animados por
falsidades e teorias conspiratórias. Barroso lembrou que grande parte está
sendo processada por crimes como golpe de Estado, de abolição violenta do
Estado democrático de direito e a depredação do patrimônio público, entre
outros delitos.
“Falsos patriotas que não respeitam os símbolos da Pátria.
Falsos religiosos que não cultivam o bem, a paz e o amor. Desmoralizaram Deus e
a bandeira nacional. O que assistimos aqui foi a mais profunda e desoladora
derrota do espírito”, disse o presidente do Supremo.
Ele concluiu pregando pacificação da sociedade brasileira.
“Quem pensa diferente de mim não é meu inimigo, mas meu parceiro na construção
de uma sociedade aberta, plural e democrática. A verdade não tem dono. Existem
patriotas autênticos com diferentes visões de país. Ninguém tem o monopólio do
amor ao Brasil”.
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As declarações foram dadas em sessão solene no plenário do Supremo, para marcar um ano dos atos golpistas e celebrar a reconstrução do local, um dos pontos de maior depredação durante o 8 de janeiro do ano passado.
Antes de encerrar a sessão plenária, Barroso exaltou o trabalho da imprensa para “reocupar um espaço público de fatos comuns compartilhados entre as pessoas e de enfrentar esse tempo estranho que vivemos das narrativas falsas, em que as pessoas acham que podem construir narrativas que não correspondem aos fatos, mas às suas convicções”.
Além de maior parte dos ministros da Corte, estiveram presentes na cerimônia o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti.
Também compareceram o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, que em fevereiro deverá tomar posse como ministro do Supremo, e ainda a ministra aposentada Rosa Weber, que presidia a Corte durante os ataques de 8 de janeiro.
Ao fazer uso da palavra, Weber repisou o rótulo de “dia da infâmia”, dado por ela ao episódio de 8 de janeiro, e deu um testemunho sobre a reconstrução do prédio. “O 8 de janeiro de 2023 há de se constituir sempre para mim o dia da infâmia, mas com uma dupla face, e a outra face é a da resistência da democracia constitucional, que restou inabalada”.
Exposição
Antes da sessão solene no plenário, os presentes participaram da abertura da exposição Após 8 de janeiro: Reconstrução, memória e democracia, com imagens da depredação do Supremo e do trabalho de recuperação do imóvel, de móveis e objetos.
A mostra engloba também os “pontos de memória”, que expõem peças danificadas e fragmentos da violência em locais de maior circulação de pessoas. Um dos mais simbólicos desses pontos é o busto de Ruy Barbosa danificado, que fica próximo à entrada do plenário.
A exposição será aberta ao público na terça-feira (9), das 13h às 17h, no térreo do edifício sede do Supremo.
Segundo estimativa oficial, os danos causados ao acervo e ao prédio do Supremo custou aproximadamente R$ 12 milhões aos cofres públicos. Entre as peças restauradas estão itens simbólicos do acervo, como o Brasão da República, a escultura em bronze A Justiça, de Alfredo Ceschiatti e o quadro Os Bandeirantes de Ontem e de Hoje, do artista plástico Massanori Uragami.
Foram perdidos 106 itens históricos considerados de valor inestimável, como esculturas e móveis que não puderam ser restaurados e não podem ser repostos.
Fonte: Agência Brasil
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