Familiares do senhor Sebastião Gonçalves Leles, 78 anos, estão indignados com o tratamento recebido na UPA do Bairro Jardim Peluzzo, em Patos de Minas. Mesmo com decisão judicial e correndo risco de morte, a transferência dele não teria sido realizada devido a falha no procedimento de regulação. A Polícia Militar e a imprensa foram acionadas na tarde desta quarta-feira (27) para registrar o caso.

O Patos Hoje conversou com Dagma Gonçalves Silva, filha do senhor Sebastião. Ela relatou que o pai foi internado na unidade na quinta-feira (21) com sonolência e rebaixado, o que depois, de acordo com a familiar, acabou se comprovando por tomografia o AVC. Também foi verificada a paralisação dos rins, precisando assim ser avaliado pelos especialistas. No entanto, os familiares teriam sido pressionados com a alta médica.

Diante do risco de morte, a família entrou na justiça e conseguiu uma medida liminar determinando a transferência de Sebastião para uma unidade hospitalar em 72 horas para tratamento adequado. Porém, Dagma alegou que estava havendo uma falha na regulação, já que não foi informada que a vaga seria por ordem judicial, por isso os hospitais estavam negando o atendimento.


Além disso, Dagma que é enfermeira aposentada, tendo inclusive trabalhado na UPA por 15 anos, relatou que, desde ontem, os familiares estavam sendo pressionados a retirarem-no do local. “Foi dada a alta médica mesmo sem a avaliação de um neurologista e nefrologista. Estão me dizendo que ele está bem, mas não está. Quem vai dizer isso é o especialista”, disse enfatizando que ele corria risco de morte.

Dagma contou que acionou a Polícia Militar para se resguardar e chamou a coordenadora da UPA para avaliarem a situação, quando recebeu a resposta de que a alta médica não havia ainda sido determinada, que estava ainda avaliando. Ela então discordou dizendo que realmente havia sido feita a alta médica. “Nós fotografamos o documento, tudo está documentado”, contou.

Por último, ela teceu críticas a alguns profissionais que atuaram no atendimento do pai, relatando que é preciso mais atenção com os pacientes para oferecer um tratamento adequado a todos. O Patos Hoje entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Patos de Minas e recebeu o seguinte posicionamento na tarde desta quinta-feira (28):

"Sobre o paciente Sebastião Gonçalves Leles, a Secretaria Municipal de Saúde informa:

- ele foi admitido na UPA no dia 21/7, por volta das 14h, tendo recebido assistência médica necessária para estabilização do quadro clínico e realizado exames;

- no mesmo dia em que foi dada entrada na unidade, o paciente foi cadastrado no SUS-Fácil, sendo informada a necessidade de transferência para hospital habilitado para tratamento;

-houve negativa por parte do Hospital Regional e da Santa Casa de Misericórdia;

- a UPA continua realizando a solicitação de transferência por meio do SUS-Fácil, tendo informado em evolução sobre o mandado judicial desde o dia 26/7, aguardando a inserção da documentação e autorização por parte da regulação;

- cabe à Promotoria enviar a documentação sobre a decisão judicial para a regulação. Até o início da tarde, não havia sido realizada a inserção oficial quanto ao deferimento no sistema.

- no momento o estado de saúde do paciente é estável e, segundo relatório médico, ele permanece internado por apresentar quadro de anemia e para acompanhamento neurológico;

-cabe ressaltar que a rede municipal não realiza a regulação de vagas de alta complexidade. O sistema é alimentado pela UPA na tentativa de transferência do paciente, mas as vagas não são reguladas pela unidade."