O ex-secretário municipal de saúde, Carlos Resende, escreveu uma bela homenagem neste sábado (06) para os profissionais de saúde. Ele destacou o momento difícil que estamos enfrentando e valorizou aqueles que estão na linha de frente para salvar vidas. Patos de Minas já teve a confirmação de 204 mortes por Covid-19 e outras vêm acontecendo diariamente. Os leitos estão completamente ocupados e as famílias sofrem angustiadas. “Nesse momento, o mínimo que devemos fazer é dar um pouco de motivação”, disse Carlos Resende.

Segue a homenagem de Carlos Antonio Silva Rezende:

“AOS VALOROSOS E ABNEGADOS PROFISSIONAIS DO HOSPITAL DE CAMPANHA E CENTRO DE ENFRENTAMENTO À COVID-19.

Vivemos tempos sombrios, em que sofremos diariamente pela perda de entes queridos ou, no mínimo, pelo medo de perder alguém que amamos e até mesmo, de partirmos “antes da hora”.

Diante de todos os nossos medos e insegurança, nos resta apenas um ponto de apoio: a dedicação dos competentes profissionais de saúde, que passaram anos se dedicando aos estudos da ciência e que abdicam até da convivência com seus familiares para nos dar assistência nos momentos mais de difíceis de nossa existência.

Em tempos como esse, que nos coube forçosamente viver, época de grande perigo e consternação, os profissionais da saúde são os primeiros a serem expostos, porque sua vocação é atuar nas fronteiras, lá onde a vida encontra-se em ameaça e os rostos humanos expressam medo e dor. É diante desse olhar sofrido do outro que médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e demais profissionais ouvem o apelo mais profundo da humanidade, na sua hora mais verdadeira, de maior fragilidade. É ali, na sua vulnerabilidade, que essas pessoas vivenciam seus momentos de maior angústia e medo.

É diante do enigma do medo e da dor estampados nos rostos de seus pacientes, isolados e sozinhos em um leito, que tais profissionais realizam a sua vocação para salvar vidas.

Vale ressaltar que um hospital não funciona apenas com leitos, respiradores, instrumentos, medicamentos etc., mas cima de tudo, com seres humanos, profissionais competentes e dedicados.

São esses abnegados profissionais que passam noites, finais de semanas seguidos socorrendo a nossa população, no exercício desse difícil ofício de estar sempre diante na escuridão dos olhos fechados e no silêncio de seus pacientes sedados em uma UTI, em um ambiente que podemos chamar de sombrio, em que há choro e ranger de dentes e onde poucos de nós gostaríamos ou teríamos coragem de estar. Por isso, merecem todo o nosso respeito e consideração.

Diante do seu “objeto”, tais profissionais encontram seus objetivos existenciais: cada paciente, não pela sua saúde, mais precisamente por sua doença, torna-se objeto de seu trabalho.

Esses profissionais se veem constantemente como a única esperança daqueles rostos perdidos e impotentes de pessoas que se encontram na fronteira entre a vida e a morte.

Por tudo isso e muito mais, que tais profissionais devem ser reverenciados. Seus conhecimentos devem ser respeitados e suas intervenções, objeto de confiança e crédito.

Nas suas mãos, todos entregamos o que nos é mais caro, a nossa própria vida. Por isso, a gestão pública de saúde deve valorizá-los e respeitá-los como realmente merecem.

Sabemos que não há “kit” ou receita milagrosa contra a Covid-19 e que o médico que está na linha de frente fará sempre a melhor escolha do tratamento necessário naquele momento, afinal, a ação dos profissionais da saúde é uma arte baseada na ciência, uma arte cujo objeto é a cura do paciente.

É hora – agora como nunca – de homenagear aqueles que nos socorrem e passam dias e noites se dedicando a curar nossas dores e a salvar nossas vidas.

A todos vocês, profissionais do Hospital de Campanha e do Centro de Enfretamento à Covid-19, manifesto o meu absoluto respeito, admiração, estima e consideração.

Que Deus lhes proteja e os abençoe sempre.