Um texto dissertativo-argumentativo de até 30 linhas sobre
um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Esta é a redação do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deverá ser feita no próximo domingo
(5) pelos 3,9 milhões de candidatos inscritos para as provas deste ano.
Gabaritar a redação não é tarefa simples, é preciso seguir à
risca o que é exigido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mas também não é impossível. Ana Alice
Azevedo, de Niterói (RJ), e Luiz Santos, de Manaus (AM), obtiveram a tão
sonhada nota mil no Enem 2022. Eles contam como se prepararam para essa prova e
qual foi o diferencial dos textos que escreveram e que mereceram a nota máxima.
“Saí da prova sabendo que tinha feito um bom texto, que
tinha feito um bom trabalho. Eu estava bem feliz com o texto que tinha feito,
estava esperando um bom resultado, mas não estava esperando a nota mil.
Realmente foi algo bem surpreendente”, diz Santos, que é atualmente aluno de
engenharia da computação na Universidade de São Paulo (USP).
O estudante, que cursou o ensino médio na Escola IDAAM, em
Manaus, não apenas fez uma boa prova, como a redação que escreveu no Enem 2022
está na Cartilha do participante, do Inep, disponibilizada para quem vai fazer
o Enem 2023. A cartilha traz orientações específicas para a prova da redação.
O tema da redação em 2022 foi Desafios para a valorização de
comunidades e povos tradicionais no Brasil. No total, dos 2,3 milhões que
fizeram a prova, apenas 32 tiraram a nota mil, segundo dados do Inep. Para
falar sobre o tema, Santos citou a Agenda 2030, da Organização das Nações
Unidas (ONU), a Constituição Federal de 1988 e ainda a série Aruanas, que
aborda as dificuldades enfrentadas por mulheres que lutam contra esquemas
criminosos na Amazônia.
Como solução para o problema, parte exigida pelo Inep, ele
propõe que o governo federal promova o enrijecimento de punições e o
fortalecimento da fiscalização das práticas ilegais nos ecossistemas e garanta
a continuidade dos conhecimentos socioculturais com o incentivo à demarcação
dos territórios e à atualização da legislação vigente.
Segundo Santos, conhecer e seguir as regras do exame foi um
dos fatores que fez com que ele tirasse boa nota. “Acredito que meu texto tenha
seguido todos os requisitos que o Inep cobra para a redação atingir a nota mil.
Ter, no mínimo, duas propostas de intervenção, bem colocadas, bem
desenvolvidas, explicando como vai fazer, quem vai fazer, por meio do que e com
qual objetivo. Dois parágrafos de desenvolvimento, com repertório
sociocultural, bem escritos e com introdução sucinta. Acredito que esse
conjunto de coisas foi o diferencial da redação”, diz o estudante.
Uma redação por semana
Para a estudante Ana Alice Azevedo, ex-aluna do PB Cursos,
em Niterói, o diferencial para um bom desempenho foi a prática constante. Ela
escrevia uma redação por semana para se preparar para a prova. “O diferencial
foi a prática constante. Como eu fazia muita redação, já sabia na hora como
fazer. O tema não foi uma surpresa muito grande, já tinha feito uma redação com
tema parecido [durante os estudos], sabia como prosseguir”, diz. Foram três
anos de cursinho até que conseguiu a aprovação que queria, no curso de medicina
da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Outro diferencial para a redação é o bom texto, o domínio da
língua portuguesa. De acordo com a estudante, a prática constante também ajuda
nesse quesito. Além disso, leituras e buscas por referências, tanto na
literatura, quanto no cinema, na legislação. “A prática regular ajuda a ter a
estrutura consolidada e regras que a
redação exige consolidadas. Além disso, a bagagem cultural, o repertório
para usar no texto, acaba diferenciando a redação. Ler muitos livros e estar
atualizado sobre as notícias”.
Orientações do Inep
A cartilha do participante traz mais detalhes de como deve
ser a estrutura da redação, além dos exemplos comentados de redações que
obtiveram a nota máxima. “Com base na situação-problema, você deverá expressar
sua opinião, ou seja, apresentar um ponto de vista. Para isso, inicie o texto
apresentando seu ponto de vista, desenvolva justificativas para comprovar esse
ponto de vista e elabore conclusão que dê um fechamento à discussão proposta no
texto, compondo o processo argumentativo”, explica.
Outra orientação do Inep é ler atentamente o que a prova
está pedindo. “Para alcançar bom desempenho na prova de redação do Enem, você
deve, antes de escrever seu texto, fazer uma leitura cuidadosa da proposta
apresentada, dos textos motivadores e das instruções, a fim de que possa
compreender perfeitamente o que está sendo solicitado”, diz a cartilha. A prova
de redação do Enem conta com textos que contextualizam o assunto sobre o qual
se deve escrever. Os textos, no entanto, devem apenas servir de apoio. Caso o
participante copie esses textos, ele poderá zerar a redação.
Segundo o Inep, o texto deve estar estruturado da seguinte
forma:
• apresentação clara do ponto de vista e seleção dos
argumentos que o sustentam;
• encadeamento das ideias, de modo que cada parágrafo
apresente informações coerentes com o que foi apresentado anteriormente, sem
repetições desnecessárias ou saltos temáticos (mudanças abruptas sobre o que
está sendo discutido);
• desenvolvimento dessas ideias por meio da explicitação,
explicação ou exemplificação de informações, fatos e opiniões, de modo a
justificar, para o leitor, o ponto de vista escolhido.
Ao elaborar a proposta, o Inep propõe que as seguintes
questões sejam respondidas:
1. O que é possível apresentar como solução para o problema?
2. Quem deve executá-la?
3. Como viabilizar essa solução?
4. Qual efeito ela pode alcançar?
5. Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar
a proposta?
Enem 2023
O Enem 2023 será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. No
primeiro dia, além da redação, os participantes responderão questões objetivas
de linguagens e de ciências humanas. No segundo dia de prova resolverão questões
objetivas, de matemática e ciências da natureza.
As notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas
no ensino superior público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a bolsas
de estudo em instituições privadas de ensino superior pelo Programa
Universidade para Todos (ProUni), a financiamentos do Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies), além de vagas em instituições estrangeiras que têm convênio
com o Inep.
Fonte: Agência Brasil
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