Uma empresária de 40 anos foi presa em Patos de Minas nessa quarta-feira (20), acusada de mandar matar um advogado no Estado do Mato Grosso. Ela estava no interior de um carro estacionado no pátio de um posto localizado na avenida Marabá. Investigadores da Polícia Civil de Patos de Minas atuaram em conjunto com policiais do Mato Grosso para cumprirem a ordem de prisão.

Os policiais percorreram diversos endereços em Patos de Minas em busca de Maria Angélica Caixeta Gontijo. Durante as diligências, os policiais descobriram que ela estaria dirigindo um veículo Montana de cor branca. Em seguida, chegou a informação de que o companheiro da empresária estaria na Delegacia, buscando informações sobre a ação policial.

Ao retornarem para a Delegacia, os policiais avistaram o veículo GM/Montana no interior do posto de combustível e encontraram Maria Angélica, em companhia da filha de 4 anos. Ela portava uma arma de fogo, uma pistola Taurus 9mm, além de um carregador extra com 47 munições. Ela foi informada do mandado de prisão e levada para a Delegacia.

Na delegacia, um dos investigadores percebeu que o companheiro de Maria Angélica também estava armado com uma pistola 9mm na cintura. As duas armas estão devidamente registradas e o casal possui porte de arma federal, mas o delegado Marcel Gomes de Oliveira determinou a apreensão das duas pistolas para averiguação.

Entenda o caso

Maria Angélica é acusado de mandar matar o advogado o advogado Roberto Zampieri. O crime aconteceu no dia 05 de dezembro e foi filmado por câmeras de segurança. Zampieri deixava seu escritório no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá, quando foi assassinado. As imagens mostram o assassino se aproximando do carro e efetuando pelo menos 10 disparos.

Mandante do crime

Segundo as investigações da Polícia Civil, o crime foi praticado por Antônio Gomes da Silva, a mando de Maria Angélica. Alguns dias antes, em 29 de novembro, ela foi condenada a pagar R$ 200 mil de indenização ao advogado e ao produtor rural Evelci de Rossi.

A relação do advogado Roberto Zampieri com Maria Angélica começou em 2020, quando o advogado foi contratado para representá-la em casos relacionados à Fazenda Lago Azul, hoje conhecida como Fazenda Mineira. A propriedade, localizada em Ribeirão Cascalheira, pertencia aos pais da farmacêutica.

Entre os serviços a serem prestados por Zampieri à empresária e seus pais, estavam a regularização do imóvel rural e sua venda. Vale lembrar que a fazenda não tinha nenhum benfeitoria.

"Ressaltando que a área em questão sempre foi uma área de varjão, similar a do Pantanal e sem qualquer benfeitoria. Inclusive, as invasões da área ocorreram justamente pela falta de cuidado e zelo da Querelada e seus Genitores e, que segundo estes, não o faziam por questão financeira", diz a queixa crime.

Evalci de Rossi e Roberto Zampieri trataram de toda situação de venda da fazenda e o contrato foi fechado com anuência da Maria Angélica e seus pais. Desta forma, segundo a representação, estaria encerrando-se a relação entre Zampieri e sua algoz.

Mesmo com a venda da fazenda, a representação indica que Maria Angélica frequentava o local com anuência no novo proprietário, já que toda negociação ocorreu de forma pacífica. Porém, como houve tentativa de invasão à propriedade, Zampieri chegou a acionar o invasor na Justiça, patrocinando ação em nome de Maria Angélica e seus pais, já que toda documentação da fazenda ainda não estaria em nome de Evelci.

Foi aí que começou a briga entre ambos. Com a ação, Maria Angélica notificou Evelci sobre o desfazimento da venda da fazenda e rescindiu o contrato com Zampieri. Nessa instante, Zampieri mudou de lado e passou a defender Elveci.

A partir daí, segundo a denúncia, Maria Angélica declarou "guerra" a Roberto Zampieri e Evelci. "Convém ressaltar que em tais trechos a Querelada, mediante seu patrono passou a argumentar que (1) o Querelante/ Roberto – traiu seus interesses no âmbito profissional, (2) que o Querelante/Evelci falsificou sua assinatura, obteve sua falsa anuência, e que se trata de estelionatário", afirma.

A queixa-crime aponta diversas ofensas e acusações contra Zampieri e Evelci. Entre elas, de que o advogado estaria envolvido em venda de sentenças e outras fraudes. Zampieri e Evelci demonstraram na queixa-crime que foram alvos de diversos boletins de ocorrência por parte da Maria Angélica.

Na sequência, a defesa do advogado e do produtor foram à Justiça e pediram indenização por conta dos crimes de calúnia, injúria e difamação promovidos pela empresária.

Em 29 de novembro, a juíza Alanna do Carmo Sankio, substituta da Vara Única de Ribeirão Cascalheira deferiu o pedido do advogado e do produtor, condenando Maria Angélica a pagar indenização de R$ 200.000,00, R$ 100.000,00 para cada um. Essa seria então a motivação do crime.

Fotos e vídeo: J1 Agora

O advogado de Maria Angélica entrou em contato com a redação do Patos Hoje e informou que a história não é da forma como foi colocada na acusação. Ele disse que vai fazer todos os esclarecimentos em momento oportuno.