A morte da garotinha Lucília Loane Barbosa Lima, de 1 ano e 11 meses, mostra o quanto a saúde pública deve ser melhorada em Patos de Minas. A menina, natural de Rio Pardo de Minas, deu entrada na UPA do Jardim Peluzzo na quarta-feira (29/06), tentou transferência para o Hospital Regional, mas, segundo a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, não conseguiu e até a Polícia Militar teve que ser acionada.

Ela conseguiu a transferência para o Hospital Regional somente no sábado (02/07) à tarde e acabou falecendo na quinta-feira (07/07) em um hospital particular, viabilizado pelo SUS por falta de vagas. A Prefeitura reconheceu as limitações e deficiências na rede municipal de saúde. O Hospital Regional Antônio Dias é referência para 33 municípios do Noroeste de Minas Gerais, abrangendo uma população de cerca de 700 mil pessoas. O Patos Hoje entrou em contato com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais-FHEMIG-, que administra o Hospital Regional, e aguarda um posicionamento.

A Prefeitura de Patos de Minas, por meio da Secretaria de Saúde, informa:

Lucília Loane Barbosa Lima, 1 ano e 11 meses, natural de Rio Pardo de Minas, deu entrada na UPA por volta de 18h de 29/6 (quarta-feira), depois de ser atendida na Clínica de Especialidades e de lá encaminhada diretamente ao pronto atendimento para internação e investigação diagnóstica mediante suspeita de leishmaniose. Ela foi assistida de imediato;

A mãe relatou febre na filha há três semanas, acompanhada de dor abdominal. A equipe médica verificou também manchas pelo corpo da criança. Exames complementares foram realizados na data da internação, com resultado na quinta-feira, 30/6. Foram constatadas anemia, leucopenia e plaquetopenia. Ainda na UPA, foi colhido material para confirmar a suspeita de leishmaniose, sendo o resultado positivo conhecido em 6/7.

Havendo a necessidade urgente de hemotransfusão, a UPA solicitou ainda na quinta-feira, via SUS-Fácil e também por contato telefônico com a central de regulação, a transferência da criança para o HRAD (rede estadual), inclusive com vaga zero, ou seja, vaga de urgência. Sob a alegação de não ter pediatra, negaram e disseram que a receberiam no dia seguinte;

Liberada então a transferência na sexta-feira, a criança, acompanhada da médica da UPA, foi levada até a porta do HRAD, contudo não foi recebida. Um boletim de ocorrência foi registrado por parte da prefeitura, visto a gravidade da situação e o risco iminente de morte da paciente;

Na tentativa de garantir assistência à Lucília, a equipe da UPA retornou com a criança para a unidade. Embora não seja hospital e não tenha, portanto, estrutura para realizar transfusão de sangue, a unidade, com acompanhamento de um pediatra, transfundiu a paciente depois de ser necessária intensa mobilização para o Hemonúcleo de Patos de Minas liberar as bolsas de sangue;

No dia 2/7 (sábado), o HRAD recebeu a criança já por volta das 14h, ficando então a paciente sob os cuidados da equipe dessa instituição. Já estando lá, Lucília foi transferida para um hospital particular por meio da compra de vaga na UTI pediátrica via SUS. Em razão da gravidade do quadro, ela não resistiu e faleceu na quinta-feira (07);

Segundo relatos da própria mãe, a criança contraiu leishmaniose em Rio Pardo de Minas e começou a apresentar os primeiros sintomas três dias após terem se mudado para uma fazenda próxima ao distrito de Santana de Patos. Portanto, como já investigado e constatado pela Vigilância Epidemiológica, trata-se de um caso importado da doença;

A Prefeitura de Patos de Minas reitera que toda a assistência necessária e possível de ser realizada dentro de uma unidade de pronto atendimento (que não é um hospital) foi oferecida à Lucília. O município lamenta a morte da paciente e, como já manifestado diretamente à mãe dela, solidariza-se com toda a família;

Em tempo, a prefeitura ressalta que conhece as limitações e deficiências da rede municipal de saúde e, exatamente por isso, tem trabalhado diariamente para melhorá-la. Exemplos disso são a contratação de mais profissionais para a UPA assim como a reforma dessa unidade, o lançamento do Corujão da Saúde (para desafogar o pronto atendimento) e a destinação de recursos para abertura e manutenção da Santa Casa de Misericórdia;

Lembra-se ainda do esforço da prefeitura, por meio de seus agentes, para garantir a ampliação do HRAD, conquista recentemente anunciada.