Os pais dos garotos em frente à sede da AABB.

A manhã desta quarta-feira (13) foi de definições nas dependências da AABB, onde funciona o Projeto AABB Comunidade. Os pais dos garotos que violentaram o colega dentro do banheiro foram chamados pelos coordenadores e instrutores do Projeto para tomarem conhecimento do fato. Os pais do estudante que sofreu o abuso também foram ao local cobrar uma punição para os agressores.

O menino de apenas 7 anos de idade foi violentado na manhã de terça-feira (12). Ele disse que estava no banheiro da AABB quando foi atacado pelos colegas. O garoto informou para a mãe que foi seguro e amordaçado, enquanto outro estudante de 12 anos cometia o estupro. Com fortes sangramentos, o menino passou a tarde e o início da noite no Hospital Regional. A Polícia Militar e o Conselho Tutelar registraram o caso.

O pai do garoto estava indignado. “A gente deixa o filho sair de casa pensando que ele estará protegido e acontece isso”, lamentou. A mãe disse que o filho não conseguiu dormir direito e não quer mais frequentar a escola. O menino só saiu de casa para fazer um exame de corpo de delito. A família que levar o caso adiante para que outras crianças não sofram este tipo de agressão.

A coordenadora do Projeto AABB Comunidade, Marlene Vieira Rosa também lamentou o ocorrido. Ela disse que os profissionais que trabalham no projeto estão tão arrasados quanto a família. “Em 14 anos de atividades isso nunca aconteceu aqui”, desabafou. Marlene informou que o projeto atende crianças em situação de risco social e que não esperava que isso pudesse acontecer.

Ela lamentou que o dano causado ao garoto violentado não pode ser reparado, mas informou que todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas. Marlene disse que o caso foi encaminhado para o Juizado da Infância e da Juventude e que os pais dos agressores foram comunicados do fato. Eles foram suspensos e não deverão mais participar do Projeto AABB Comunidade.

Com relação ao garoto que cometeu o estupro, ela disse que ele tem problemas mentais, mas que frequenta a escola há cerca de dois anos sem nunca ter apresentado qualquer ameaça para os colegas. Marlene informou que, diante do abuso que fugiu ao controle dos instrutores, ele não poderá mais frequentar as atividades do Projeto.

A mãe do menino chegou a levantar suspeita de que o filho estaria sofrendo preconceito por ser nascido em Alagoas e ter sotaque nordestino. O garoto veio com os pais e a irmã para Patos de Minas há cerca de 5 anos para tentar uma vida melhor. A coordenadora do AABB comunidade negou que isso estivesse ocorrendo. “Ele é uma criança muito extrovertida, que conversa muito e que tem muitos amiguinhos aqui”, justificou.

O Projeto AABB Comunidade começou a funcionar em Patos de Minas em 1998. Mais de 220 crianças de 06 a 14 anos participam das atividades ministradas em horário extraclasse. “São crianças e adolescentes em situação de risco social que muitas vezes frequentam o projeto para receber a comida que não têm em casa”, disse a coordenadora. “É filho que o pai matou a mãe, criança que é obrigada a ir na esquina comprar uma pedra de crack para o pai”, explicou.

Por causa do abuso, a Marlene Vieira Rosa informou que vai reunir a equipe de instrutores e reavaliar a forma de agir no Projeto redobrando os cuidados, que já não são poucos, com as crianças e adolescentes que frequentam as atividades. O programa é desenvolvido pela Fundação Banco do Brasil em mais de 400 municípios, atendendo cerca de 50 mil crianças e adolescentes.

Autor: Maurício Rocha