Eles foram encaminhados para a Delegacia.

A Polícia Militar prendeu na madrugada desta sexta-feira (21) um oficial do Exército Brasileiro e outras duas pessoas após uma denúncia de perturbação do sossego em Patos de Minas. A vítima disse que já havia registrado 8 ocorrências de perturbação contra o vizinho. Durante o registro da ocorrência, os policiais foram ofendidos e o oficial do Exército tentou intimidá-los dizendo: “Eu não obedeço ordem de sargento, eu sou tenente". O oficial da Polícia Miltiar também foi ironizado dizendo que ele se tratava de um "Cabo".

O fato aconteceu por volta de 0h20, na Rua João Gabriel Ferreira, Jardim Centro. De acordo com informações da Polícia Militar, a vítima ligou no 190 relatando que estaria ocorrendo uma festa com som alto e gritaria. No local, o solicitante contou que estava ocorrendo uma festa na residência, com som alto e gritarias e que isto estaria perturbando toda a família, os quais estavam extremamente exaustos dado que se passava de meia noite. O vizinho relatou ainda que já registrou diversas ocorrências, possuindo no mínimo 8 registros referentes a fatos da mesma natureza e está buscando meios legais de cessar com as festas e consequentemente com as perturbações.

Segundo o boletim de ocorrência, os policiais constataram um barulho muito alto proveniente de som e algazarras. "Os militares realizaram diversos chamados através do interfone, contudo os participantes da festa não atenderam, momento em que o solicitante convidou o policial para entrar em sua residência, de onde era possível ter acesso a um muro de divisa dos imóveis. Com a ajuda de uma escada, foi possível comunicar aos participantes que a Polícia Militar havia sido acionada e que seria necessária a presença de um responsável pelo evento na parte externa do imóvel, narrou o policial.

A ocorrência segue narrando que alguns instantes depois, enquanto o sargento e seu motorista já aguardavam no portão de acesso ao imóvel, chegou ao local Í.P.C., 28 anos, o qual em um primeiro momento se identificou como responsável pelo imóvel. Ao ser informado que havia um chamado de perturbação do sossego no local, Ítalo afirmou que era tenente e ao ser solicitado a sua identificação, este, de forma ríspida afirmou: "eu não obedeço ordem de sargento, eu sou tenente". Neste momento, o militar solicitou através do rádio HT a presença do comandante do policiamento da unidade no local, por se tratar de suposto oficial.

Ainda segundo o boletim de ocorrência, após ser informado que o policial não conhecia Ítalo e por este motivo seria necessária a apresentação da carteira funcional, novamente ele voltou a dizer que não obedecia o sargento, por ser tenente. Neste momento, em razão do comportamento irônico e desrespeitoso do oficial, outro policial da guarnição pegou seu aparelho telefônico no intuito de filmar a ação policial, quando então várias outras pessoas que participavam do evento foram se aproximando.

"Ao perceber que o militar estava com seu telefone na mão outro frequentador da casa J.H.N. de M., 31 anos, proferiu dizeres do tipo: "porque este policial babaca está filmando a gente?". Em seguida, de maneira totalmente exaltada J.H.N de M. e R.M. de M., 33 anos, ambos com notórios sintomas de embriaguez, caminharam em direção ao policial que colocou a mão no coldre, sem contudo sacá-la, e determinou que os autores se afastassem", diz o histórico da ocorrência.

Segundo os policiais militares que foram ao local, neste momento, Í.P.C. que também apresentava notórios sintomas de embriaguez com olhos vermelhos, hálito etílico e muito falante, apresentou grande exaltação e começou a gritar: "Eu não vou aceitar um cabo apontar a arma para mim, não admito que um cabo aponte arma para mim", dizendo o seguinte: "eu também tenho arma, se for assim vou pegar a minha no meu carro".

Diante disso, policial responsável pela ocorrência informou que determinou que Í.P.C. permanecesse no local, contudo este desobedeceu e deslocou até seu automóvel, abrindo o porta-malas, indo em direção ao conteúdo no seu interior. Ante a situação de iminente risco, o policial sacou a arma de fogo e determinou novamente que Ítalo interrompesse sua ação, o que foi atendido em partes, uma vez que o porta malas permaneceu aberto, tendo ele se voltado para o policial e começado a dizer o seguinte: "guarde sua arma sargento, estou mandando, se você não guardar vou ser obrigado a te prender".

Os policiais destacaram que mesmo com a apresentação da carteira funcional não houve tempo hábil para a correta identificação do oficial, tendo o seu comportamento de deslocar até o porta malas de seu veículo, afirmando que buscaria sua arma, obrigando o policial a manter sua arma em pronta resposta, uma vez que o risco era real, caso um individuo até aquele momento desconhecido e apresentando notórios sintomas de embriaguez conseguisse apanhar uma arma de fogo.

Em razão do comportamento dos três indivíduos, foi solicitado apoio às demais viaturas de serviço, outra guarnição chegando ao local de imediato e deparado com o policial ainda com a arma nas mãos, estando Ítalo bastante exaltado, ameaçando pegar uma arma de fogo em seu veículo, ocasião em que foi imobilizado e algemado pelos militares.

Após a chegada das equipes de apoio, J.H.N. de M. foi preso pelo crime de desacato e R.M. de M., morador da residência, pela perturbação do sossego.  Realizadas buscas no veículo de Í.P.C., no porta malas, dentro de uma mochila, foi localizada uma pistola tauros, calibre 380, municiada com 15 cartuchos, estando uma munição na câmara em pronta resposta. Foram localizados ainda outros dois carregadores sobressalentes, sendo um municiado com 4 cartuchos e o outro com 3, além de uma cartela (blister) contendo 10 munições.

Segundo os policiais, ainda no local dos fatos, oficial da Polícia Militar, comandante de turno,  solicitou a Í.P.C. o "Certificado de Registro de Arma de Fogo" "CRAF", referente à pistola localizada, tendo este, ainda exaltado, com ironia, respondido que não entregaria, pois seria um absurdo um "cabo" lhe prender, que um "cabo não podia se quer lhe encostar, pois era tenente, médico cirurgião e subia favela no Rio de Janeiro, que cabo não lhe prendia nunca.

Ante as circunstâncias, foi realizado contato com a unidade do exército local, tiro de guerra 04-013, na pessoa do subtenente, repassando lhe a situação, o qual solicitou que a própria guarnição do policial militar realizasse a condução do oficial do exército até a delegacia, tendo o subtenente o acompanhado na delegacia durante o registro.

Na delegacia, o advogado acompanhou os conduzidos, quando então, já mais tranquilo, Í.P.C., juntamente com seu defensor, apresentou o CRAF referente à arma localizada. A arma, as munições e carreadores localizados, dadas as circunstâncias e notórios sintomas de embriaguez de Í.P.C. foram apreendidos.  Os três acusados, bem como os materiais apreendidos, foram deixados na Polícia Civil para as demais providências cabíveis. Foi verificado que Í.P.C. é 2º Tenente do Exército Brasileiro e atua no 1º Batalhão de Engenharia Escola do Rio de Janeiro.