Os amantes da astronomia no Brasil brasileiro não falam em outra coisa senão no Cometa C/2021 A1 Leonard. Isso porque desde o dia 12 de dezembro ele vem dando o ar da graça no céu do Brasil. Depois de ter sido um fenômeno nos céus do hemisfério norte, onde muitos astrofotógrafos registraram sua passagem, o cometa prometia ser um grande sucesso para os observadores brasileiros, já que a magnitude prevista estava em torno de 4, com perspectivas, inclusive, de atingir magnitudes mais baixas devido ao caráter imprevisível destes objetos. Porém, desde o dia 12 de dezembro, o que se observou em grande parte do território nacional foi um céu nublado ou caracterizado por intensas chuvas.

De acordo com o astrônomo patense, Gilberto de Melo Dumont, em grande parte do país, houve uma dificuldade em observar ou registrar o cometa, diferentemente dos registros e reportes feitos no exterior. Associa-se ao céu nublado, o fato de o cometa ter surgido bem baixo no horizonte após o pôr do Sol e estar perdendo o brilho característico a cada dia que passa. “De agora em diante, se tudo ocorrer como o esperado, o cometa tende a ficar cada vez menos brilhante, dia após dia. Mesmo tendo adquirido um brilho dentro da magnitude alcançada pelo olho humano, está bastante difícil localizá-lo, necessitando de algum equipamento ótico como binóculo ou telescópio”, explicou.

O Cometa C/2021 A1 Leonard foi o primeiro cometa descoberto no ano de 2021, no dia 03 de janeiro, para ser exato. Foi identificado pelo Mount Lemmon Survey (Arizona – EUA), cabendo ao observador Gregory J. Leonard, a identificação de sua natureza cometária. Viajando a uma velocidade de 47 km/s (170 mil km/h), estima-se que sua órbita durasse 83 mil anos.

Gilberto infomou que, assim como qualquer outro cometa, o Leonard é um aglomerado de gases, gelo e poeira que, devido interferências gravitacionais, acaba se direcionando a uma grande órbita elíptica ao redor do Sol. Durante sua aproximação com nossa estrela, a radiação solar atinge o cometa que libera partículas formando a distinta cauda de poeira e gás. “Nas fotos registradas no Observatório de Astronomia de Patos de Minas, por volta das 19h30, podemos observar o núcleo do cometa envolto por uma esfera refletiva denomina de coma. Um rastro de poeira e gás ionizado é deixado na direção oposta ao Sol. Cometas não possuem luz própria, mas refletem a luz solar que incide sobre eles. Ao contrário do que muitos imaginam o movimento deles no céu dura dias, isso porque, embora estejam a uma altíssima velocidade, vistos de longe este movimento fica quase imperceptível, sendo melhor detectado entre um dia e outro sobre o plano de estrelas ao fundo. O Cometa Leonard poderá ser visto ainda por alguns dias, porém necessitando de algum auxílio ótico, como binóculo ou telescópio e com o céu livre de nuvens. Ele está posicionado à oeste, próximo à direção do planeta Vênus, após o pôr do Sol”, comentou o astrônomo.

Esta não é a primeira passagem do referido cometa por aqui, porém, deverá ser a última, já que depois desta aproximação com o Sol ele sofreu uma interação gravitacional suficiente para viajar para fora do Sistema Solar. Isso representa uma rara e única oportunidade – de fato – para que os astrônomos e interessados registrem a passagem do visitante. Gilberto informou que foi utilizada uma câmera Canon t2i, em foco primário num telescópio de 200 mm de abertura.