Nesta semana, o caso do garoto de 12 anos que desferiu um soco na boca da própria mãe em Patos de Minas após ele ser repreendido por gastar R$2 mil em jogos on line ganhou repercussão nacional, tendo os principais jornais de Minas Gerais e do Brasil noticiado o caso. A situação absurda chamou a atenção para a importância de se monitorar adequadamente o acesso das crianças e adolescentes na internet. A pedido do Patos Hoje, a psicóloga Mila Marques ofereceu algumas orientações sobre a melhor forma de os pais controlarem o uso da internet.

De acordo com a psicóloga Mila Marques, pais, mães ou responsáveis devem estabelecer uma idade mínima e avaliar se eles têm maturidade para estarem no ambiente virtual, priorizando sua segurança física e emocional. Também devem ser estabelecidos limites para uso saudável, instituindo tempo máximo na semana ou período delimitado no dia.

Para isso, algumas regras podem auxiliar, por exemplo a perda do acesso quando o combinado for descumprido. Ela destacou que é importante ficar atento ao comportamento da criança ou adolescente que denunciam o uso excessivo da internet, como pular refeições para ficar on line, abandonar outras atividades, afastar do convívio social e entre outros.

Os pais também devem sempre monitorar os conteúdos acessados pelos filhos e conscientizar sobre os perigos da internet. “Por mais que você confie no seu filho fique de olho no conteúdo que ele postar e consumir nas redes sociais. O diálogo honesto é a melhor maneira de orientar o filho”, concluiu a especialista.

Sobre o caso do adolescente de 12 anos que socou a boca da mãe

A mãe do adolescente de 12 anos que foi agredida por ele com um soco na boca em Patos de Minas, após repreendê-lo por gastar R$ 2 mil em um cartão de crédito com jogos online, disse ao G1 que lida com o vício do filho há um ano.

Segundo a mulher, que não foi identificada para preservar a identidade do adolescente, no período o filho gastou cerca de R$ 5 mil. “Eu trato como um vício em droga. A abstinência é a mesma, é a mesma coisa de uma droga, não faz diferença. Ele não liga se é mil ou dois mil, o que ele quer é usar os cartões, independente de quem seja o dinheiro”, afirmou.

Segundo o boletim de ocorrência, a Polícia Militar (PM) foi acionada pela própria mãe após a agressão, na madrugada de segunda-feira (15). De acordo com o registro, o soco deixou hematomas e causou um sangramento.

“Aqui sempre foi uma luta. Ele não pode ver um cartão que já cadastra no telefone e faz compra nos jogos. Hoje em dia esse cadastro é muito fácil. A gente já tentou bloquear os cartões, ele consegue desbloquear e até trocar as senhas. Há um tempo atrás ele entrou no picpay da minha mãe e conseguiu fazer uma compra de R$ 600", relembrou.

Após a agressão contra a mãe, o pai do garoto foi avisado e buscou o filho. Ele foi orientado a procurar tratamento psicológico para o adolescente e afastá-lo momentaneamente da mãe.

“Eu vi comentários de várias pessoas dizendo que eu deveria bater nele. Eu já fiz isso, saí como errada na história, foi horrível. O último episódio foi o fim, falei que eu não consigo mais”, disse.

Ao g1, a mãe do adolescente afirmou que não precisou receber atendimento médico e que o conselho tutelar não foi acionado. “Nessa idade é difícil você falar que não vai dar um celular. Eu não sei o que dizer porque eu estou sem saída disso. Eu não consegui resolver o problema. Dói muito, é muito difícil para uma mãe”.

Comportamento agressivo

Os jogos no celular se tornaram mais recorrentes na vida do menino há cerca de um ano. Segundo a mãe, ele pedia para brincar na rua, mas aos poucos se tornou cada vez mais fechado e sem amigos.

A medida que o tempo com os jogos aumentava, o menino se tornou mais agressivo. Além disso, desde outubro de 2023 criou o hábito de quebrar objetos dentro de casa e agredir os avós idosos.

“Há um ano ele vinha agredindo os avós. Ontem foi a primeira vez que ele me agrediu, mas aqui em casa ele sempre quebrou tudo. Ele passa a mão pelas xícaras e joga tudo no chão. O que ele ver que dá para quebrar, ele joga no chão", afirmou a mãe.

A mãe do garoto concedeu entrevista ao G1 e disse que o vício do filhos pelos jogos on LINE se compara ao vício por drogas. Segundo ela, com o agravamento da situação, a mãe pediu ajuda para o pai do adolescente, porém, a única resposta que recebeu foi que deveria lidar com a situação. “O pai dele não me ajudava, dizia que já que estava acontecendo na minha casa, eu que deveria resolver”.

Após ser agredida, a mulher disse que espera que tudo seja apenas uma fase e que quer ter o filho novamente em casa. “Eu quero ele aqui de volta, espero que seja uma crise e que ele melhore. Eu não o abandonei, eu só não tive controle”.

“Pelo que eu estou passando, pelo que eu já passei, eu acho que uma mãe não deveria entregar um telefone para um filho. A consequência de um celular na vida de uma criança é muito grande. No início a gente acha bonitinho porque eles aprendem rápido a mexer, isso é só desastre. Hoje em dia eu não deixo nenhum outro dos meus filhos usarem”, finalizou.