Consumidores e distribuidoras de energia elétrica do Brasil poderão dividir um prejuízo de 3,3 bilhões de reais com sobras de energia em 2016, conforme a recessão e o aumento das tarifas desde o ano passado reduziram o consumo e deixaram as concessionárias sobrecontratadas.

Essa seria a perda se for considerada a projeção da Abradee, associação que representa os investidores em distribuição, que apontou perspectiva de sobrecontratação de cerca de 3 mil megawatts em 2016.

A estimativa de perdas foi feita pelo consultor e ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Edvaldo Santana, que apontou valor próximo ao calculado por outro especialista do setor de comercialização de energia, a pedido da Reuters.

As distribuidoras precisam comprar em leilões com anos de antecedência a energia para atender ao crescimento de seus mercados, o que fez com que fossem pegas no contrapé pelo recuo da demanda por energia em 2015 --o primeiro registrado no país desde 2009.

"Se o PIB neste ano se comportar como o Banco Central está prevendo, essa sobra de energia pode durar cinco anos... isso vai retomar muito devagar", afirmou Santana, que esteve na diretoria da Aneel entre 2005 e 2013.

As sobras de energia são vendidas no mercado spot, atualmente com preços em 31 reais por megawatt-hora, próximos do mínimo permitido pela regulação, devido à queda da demanda e às chuvas favoráveis nas áreas de hidrelétricas. O preço no spot representa cerca de um quinto dos valores dos contratos.

"A distribuidora está comprando a cerca de 165 reais (pelos contratos firmados anteriormente)... se considerar que ela vá liquidar isso a um preço médio de 40 reais por megawatt-hora no ano, é muito dinheiro (perdido)", disse Santana.

A legislação do setor elétrico prevê que sobrecontratações de até 105 por cento da demanda podem ter eventual custo repassado para o consumidor, sendo que a partir desse patamar o prejuízo é da distribuidora. A Abradee estima sobrecontratação de cerca de 107 por cento em 2016.

Fonte: Agência Reuters