O casal foi torturado e morto no último sábado (23). ( Foto: Arquivo Pessoal )

Os corpos foram encontrados cobertos por fubá e açúcar; vítimas eram filho e nora do vice-presidente do Esporte Clube Mamoré; criminóloga fala em ritual de magia negra ou crime de ódio; Civil trabalha com latrocínio ou homicídio. Nesta segunda, peritos informaram que havia pó de café espalhado por todos os cômodos da casa.

A Polícia Civil ainda busca pelos suspeitos de torturar e matar um casal em Araxá, no Alto Paranaíba. Os corpos de Igor Humberto Fonseca Sousa, de 26 anos, e de Rafaela D'Eluz Giordani de Sousa, 21, foram encontrados em casa, no bairro Veredas do Belvedere, na noite do último sábado (23). Ninguém foi preso.

O delegado Regional Cezar Felipe Colombari da Silva e o delegado Sandro Negrão falaram coma imprensa nesta manhã. Eles informaram que um capuz foi encontrado na residência e também foi identificado que a mão de Igor estava bastante machucada como se tivesse reagido. Outra situação que intriga é que pó de café foi visto em todos os cômodos da casa.

Igor, que é filho do vice-presidente do Mamoré, time de Patos de Minas, foi localizado em um dos quartos com diversas perfurações possivelmente provocadas por uma faca. O corpo dele estava coberto por fubá. A mulher, Rafaela, estava em outro quarto, ensanguentada, com os pés e mãos amarrados e amordaçada. O rosto e o peito dela estavam cobertos com açúcar. O imóvel foi revirado. Aparelho de TV e o carro das vítimas foram roubados.

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, diligências são feitas na manhã desta segunda-feira (25). À tarde, o delegado regional César Felipe Colombari, vai dar mais detalhes da investigação.

Os policiais também buscam imagens de câmeras da residência e de imóveis vizinhos. As principais linhas de investigação são latrocínio, roubo seguido de morte, e homicídio, por razões pessoais.

O casal foi velado em Araxá na tarde desse domingo. O corpo de Igor, porém, foi sepultado em Patos de Minas, cidade da mesma região, onde mora a família.

Criminosos e motivações

A pedido de O TEMPO Online a pesquisadora da área de inteligência criminal Cláudia Pádua fez uma análise do crime. Para ela, há pelo menos duas hipóteses para o tipo de criminoso: um fiel ligado a um ritual de magia negra e um homicida ou latrocida comuns. As motivações também seriam duas: matar para alcançar a purificação espiritual ou por crime de ódio.

O uso do açúcar e do fubá, além de animais, estaria ligado a um ritual de magia negra, no qual o fiel busca a purificação para além desta vida. "O que eles fazem é uma espécie de purificação para o infinito. É como se a pessoa vivesse um inferno astral e com esse ritual projetasse algo especial e melhor em um mundo exterior", explicou.

O caso pode ser de latrocínio, que é matar para roubar, ou um simples homicídio em que esses materiais, fubá e açúcar, teriam sido usados apenas para mascarar a cena do crime e confundir a polícia.

A criminóloga acredita ainda em um crime de ódio pela violência e o uso de faca. "O alvo seria Igor, e o crime cometido por um homem próximo, pela facilidade de acesso à casa e pelas diversas perfurações encontradas no corpo dele. A motivação poderia ainda estar ligada ao futebol, em um crime de retaliação (uma vez que ele era filho do vice-presidente do Mamoré de Patos de Minas)", pontuou Cláudia.

O corpo de Igor estava coberto por fubá. No caso de um ritual espiritual, significaria o "fechamento" do corpo. "É preparar o corpo e mandar ele embora", detalhou.

Rafaela teria sido morta apenas por estar junto dele. "O homem deve ter sido morto primeiro. E por testemunhar a morte, ela teve que ser morta também. O açúcar jogado sobre o corpo dela representaria a docilidade e a não intenção de matá-la de forma cruel, além de ser uma forma de estancar o sangue e amenizar o estado do cadáver, pra deixá-lo mais bonito", disse a criminóloga. Cláudia descarta a hipótese de crime passional. "O fato de eles estarem casados há pouco tempo e pelo perfil deles é pouco provável que eles tivessem amantes", finalizou.

A Polícia Civil investiga o caso e trabalha, a princípio, com as hipóteses de latrocínio e homicídio.

Fonte: O Tempo