O Brasil manteve-se estável nas pontuações em matemática,
leitura e ciências no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).
No entanto, menos de 50% dos alunos conseguiram nível mínimo de aprendizado em
matemática e ciências.
Em 2022, o país alcançou 379 pontos em matemática, 410 em
leitura e 403 em ciências, conforme resultados divulgados nesta terça-feira (5)
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Já em
2018, ano anterior avaliado, o desempenho foi 384 pontos em matemática, 413 em
leitura e 404 em ciências.
“Os resultados médios de 2022 foram praticamente os mesmos
de 2018 em matemática, leitura e ciências. Os resultados do Pisa têm-se mantido
notavelmente estáveis durante um longo período: depois de 2009, nas três
disciplinas, apenas foram observadas flutuações pequenas e, em sua maioria, não
significativas”, diz o relatório sobre o desempenho dos estudantes brasileiros.
Aplicado a cada três anos, o Pisa avalia os conhecimentos
dos estudantes de 15 anos de idade nas três disciplinas. No total, 690 mil
estudantes de 81 países fizeram os testes. No Brasil, 10.798 alunos de 599
escolas passaram pela avaliação. Na edição de 2022, o foco foi em matemática.
Com os resultados de 2022, o Brasil continua no grupo abaixo
da média dos países da OCDE nas três disciplinas: 472 pontos em matemática, 476
em leitura e 485 em ciências.
Cada 20 pontos equivalem a um ano escolar. Em ciências, por
exemplo, o Brasil está com pelo menos quatro anos de atraso em relação aos
membros da OCDE.
No ranking, ficou no 64º lugar entre as notas em matemática,
53º em leitura e 61º em ciências, atrás de outros latino-americanos, como o
Chile, Uruguai, México e a Costa Rica.
Matemática
De acordo com o levantamento, 27% dos alunos brasileiros
alcançaram o nível 2 de proficiência em matemática, considerado o patamar
mínimo de aprendizado, enquanto que a média dos países da OCDE na disciplina é
69%.
Apenas 1% dos estudantes no país conseguiram os níveis 5 ou
6, considerados os mais altos, quando os alunos resolvem problemas complexos,
comparam e avaliam estratégias. A média da OCDE é 9%.
Das 81 países e economias participantes do Pisa 2022,
somente em 16 mais de 10% dos alunos atingiram o nível 5 ou 6.
Leitura e Ciências
Quanto à leitura, metade dos estudantes no Brasil obtiveram
o nível 2 ou mais. Apesar de melhor desempenho, o percentual ainda fica abaixo
da média da OCDE, 74%. Nos patamares 5 e
6, o percentual foi de apenas 2%.
Em ciências, cerca de 45% dos alunos chegaram ao nível 2,
contra 76% da média da OCDE. Os estudantes com melhor desempenho somaram apenas
1%.
Cenário global e pandemia
Em comparação ao Pisa de 2018, o desempenho médio nos países
da OCDE caiu dez pontos em leitura e quase 15 pontos em matemática. Em
ciências, a média ficou estável.
Conforme o relatório, estima-se que aproximadamente 25% dos
jovens de 15 anos nos países membros da OCDE, ou seja 16 milhões, não atingiram
o nível 2, ou seja, têm dificuldade em fazer cálculos com algoritmos básicos ou
interpretar textos simples.
Em nações como a Alemanha, Islândia, os Países Baixos, a
Noruega e Polônia, as notas em matemática caíram 25 pontos ou mais entre 2018 e
2022.
“Embora seja evidente que alguns países e economias têm
desempenho muito bom na educação, o quadro geral é mais preocupante. Em mais de
duas décadas de testes globais do Pisa, a pontuação média não mudou
drasticamente entre avaliações consecutivas. Mas este ciclo viu uma queda sem
precedentes no desempenho”, diz o relatório.
De acordo com o levantamento, a pandemia de covid-19 causou
impacto na educação dos jovens nesse período – com fechamento de escolas e
adoção de aulas online - porém não pode
ser apontada como única causa para o desempenho inferior nos países.
O relatório diz não ter identificado “diferença clara” nas
notas de 2022 em razão do fechamento de escolas por mais ou menos de três meses
na pandemia.
“A pandemia da covid-19 parece um fator óbvio que pode ter
impactado os resultados nesse período. Na leitura, por exemplo, muitos países
como a Finlândia, Islândia, os Países Baixos, a República Eslovaca e Suécia
registraram estudantes com notas mais baixas durante algum tempo – em alguns
casos durante uma década ou mais. As trajetórias educacionais foram bem
negativas antes da pandemia chegar. Isso indica que as questões de longo prazo
nos sistemas educativos também são culpadas pela queda no desempenho. Não se
trata apenas de covid”.
Singapura liderou em matemática (575 pontos), em leitura
(543 pontos) e em ciências (561 pontos), o que equivale que os estudantes têm
de três a cinco anos de escolaridade a mais em comparação aos demais alunos dos
países com a média da OCDE.
Em apenas quatro locais, houve melhora nas três disciplinas
entre as avaliações de 2018 e 2022: Brunei Darussalam, Camboja, República
Dominicana e Taipé chinês.
Fonte: Agência Brasil
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