O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta
terça-feira (21) que é preciso evitar que o conflito entre Israel e o grupo
palestino Hamas se alastre para os países vizinhos. Ao participar da Cúpula
Virtual Extraordinária do Brics, ele afirmou que é preciso acompanhar com
atenção a situação na Cisjordânia ocupada.
“Devemos atuar para evitar que a guerra se alastre para os
países vizinhos. É valiosa e imprescindível a contribuição do Brics, em sua
nova configuração, junto a todos os atores em favor da autocontenção e da
desescalada”, disse.
“Temos longa experiência nacional que reforça nossa fé na
paz criada por justa negociação diplomática. Em segundo lugar, não podemos
esquecer que a guerra atual também decorre de décadas de frustração e
injustiça, representada pela ausência de um lar seguro para o povo palestino”,
acrescentou.
Para o presidente, os assentamentos ilegais israelenses na
Cisjordânia continuam a ameaçar a viabilidade de um Estado palestino. “O
reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel,
com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível.
Precisamos retomar com a maior brevidade possível o processo de paz entre
Israel e a Palestina”.
Em agosto deste ano, na Cúpula do Brics, o bloco aprovou a
entrada de seis novos países-membros: Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia
Saudita e Emirados Árabes, alguns deles diretamente envolvidos no conflito no
Oriente Médio. A nova configuração passa a valer a partir de janeiro de 2024.
Resolução da ONU
Para Lula, neste momento o desafio é fazer com que a trégua
humanitária determinada por uma resolução da Organização das Nações Unidas
(ONU) seja implementado imediatamente. No último dia 15, o Conselho de
Segurança da ONU aprovou a primeira resolução relativa à atual crise
humanitária na Faixa de Gaza. O texto foi apoiado pelo Brasil.
“Em várias ocasiões, reiteramos o chamado pela liberação
imediata e incondicional de todos os reféns. No entanto, tais atos bárbaros não
justificam o uso de força indiscriminada e desproporcional contra civis.
Estamos diante de uma catástrofe humanitária. Os inocentes pagam o preço pela
insanidade da guerra, sobretudo mulheres, crianças e idosos”, disse Lula,
manifestando grande consternação diante do elevado número de mortos.
Após pouco mais de um mês de conflito, mais de 12 mil
pessoas morreram, sendo 5 mil crianças. Há ainda 29 mil feridos e 3.750
desaparecidos. “Como bem disse o secretário-geral da ONU, Gaza está se tornando
um cemitério de crianças”, acrescentou o presidente.
A resolução, com foco na proteção de crianças, foi proposta
por Malta e aprovada com 12 votos a favor. Estados Unidos, Reino Unido e Rússia
optaram pela abstenção. O texto pede a implementação de pausas e corredores
humanitários urgentes e prolongados em toda a Faixa de Gaza por um número
suficiente de dias, para que ajuda humanitária de emergência possa ser prestada
à população civil por agências especializadas da ONU, pela Cruz Vermelha
Internacional e por outras instituições humanitárias imparciais.
O conflito
No dia 7 de outubro, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza,
lançou um ataque surpresa de mísseis contra Israel, com incursão de combatentes
armados por terra, matando civis e militares e fazendo centenas de reféns
israelenses e estrangeiros. Em resposta, Israel bombardeou várias
infraestruturas do Hamas, em Gaza, e impôs cerco total ao território, com o
corte do abastecimento de água, combustível e energia elétrica.
A guerra entre Israel e Hamas tem origem na disputa por
territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus,
dos quais descendem israelenses e palestinos.
Fonte: Agência Brasil
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