Cerca de 15 pessoas foram resgatadas em condições análogas a escravidão na noite dessa quarta-feira (14) em Patos de Minas. Elas estavam em uma clínica de reabilitação no bairro Coração Eucarístico, quando membros do Ministério do Trabalho e a polícia chegaram no local. Os resgatados foram levados para a sede do Creas e disseram que estão aliviados com o resgate.

De acordo com o auditor fiscal do trabalho, Humberto Camasmie, estão sendo realizadas várias operações de resgate na região e em todo o estado. Ele contou que os cerca de 15 trabalhadores viviam em condições desumanas em uma residência no bairro Coração Eucarístico. Humberto disse ainda que eles eram obrigados a trabalhar e não recebiam nada por isso.

Um dos trabalhadores disse que estava na casa há cerca de seis meses e que nunca recebeu um real pelo trabalho. “A gente só tinha hora para começar. Às vezes trabalhávamos sábados, domingos, feriados e ai de nós se não trabalhasse”, disse Luís Henrique. Ele contou também que as pessoas tinham uma meta a ser batida e, caso isso não acontecesse, eles eram ameaçados e até agredidos. “Eles batiam, tem um de nós que inclusive está com as costelas quebradas”, relatou ele.


A versão foi confirmada pelo auditor fiscal Humberto Camasmie que disse inclusive que as agressões eram constantes, além das várias ameaças. Quem também estava na casa era o Jonathan Carlos. Ele disse que recebeu um dinheiro enviado por sua mãe e que os proprietários do local não entregaram todo valor a ele. Jonathan disse que se sente bastante aliviado agora que já não está mais na clínica. Outro fato é que eles eram impedidos de sair do local e recebiam diversas ameaças caso tentassem fugir.


De acordo com Rafael Giguer, auditor fiscal do trabalho, agora serão feitos os levantamentos de todos os trabalhadores resgatados e eles serão encaminhados para uma clínica regular em Uberlândia. “Eles também vão receber três guias de seguro desemprego e serão encaminhados de acordo com suas habilidades ao mercado de trabalho”. Os auditores descobriram que os proprietários da suposta clínica buscavam moradores em condições de rua em outras cidades e ofereciam uma casa, trabalho e salário, mas quando eles chegaram na cidade, encontravam outra realidade.

Até o momento, os responsáveis pela clínica não foram encontrados.