O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta
sexta-feira (24) o veto ao projeto de lei que estenderia até 2027 a desoneração
da folha de pagamentos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou
integralmente a proposta aprovada pelo Congresso Nacional que reduzia os
tributos pagos por empresas de 17 setores econômicos e pequenos municípios.
Segundo o ministro, a medida é inconstitucional e provoca
distorções no sistema tributário, sem trazer ganhos efetivos à economia, como a
geração de empregos. “O legislador fez constar na reforma da Previdência um
dispositivo que não permitia mais benefícios fiscais para empresas, justamente
para combater o déficit da Previdência”, destacou o ministro ao argumentar
porque a lei vetada contraria a Constituição. Essa tese está, de acordo com
Haddad, respaldada em parecer feito pela Advocacia Geral da União.
A mudança nas regras das aposentadorias foi incorporada à
Constituição em 2019. A ideia do projeto de lei, aprovado pelo Congresso no mês
passado, era manter a contribuição para a Previdência Social de setores
intensivos em mão de obra entre 1% e 4,5% sobre a receita bruta. A política
beneficia principalmente o setor de serviços. Até 2011, a contribuição
correspondia a 20% da folha de pagamento. Esse cálculo voltará a ser aplicado
em janeiro.
“Há outro dispositivo constitucional que determina a revisão
de todos os benefícios fiscais em oito anos”, acrescentou Haddad, defendendo
ainda a necessidade de vetar o projeto de desoneração da folha de pagamento.
De acordo com o ministro, as medidas que concedem benefícios
fiscais a alguns setores econômicos reduziram, ao longo dos últimos anos, a
arrecadação do governo em o equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto
[conjunto das riquezas geradas pelo país]. “É um conjunto enorme de leis,
abrindo mão de receita. E, agora, estamos com um desafio de fechar esse
déficit, combatendo o gasto tributário, seguindo a determinação
constitucional”, enfatizou.
Essa diminuição de arrecadação também afeta, segundo Haddad,
estados e municípios, que recebem repasses do governo federal.
A respeito do impacto do fim da desoneração nas empresas, o
ministro disse que vai propor ações para reduzir os efeitos sobre os setores
após a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP), que
acontece nos Emirados Árabes a partir da semana que vem. “Nós vamos apresentar
ao presidente Lula um conjunto de medidas que podem ser tomadas no fim do ano
para equacionar esse problema”.
Haddad disse não acreditar, entretanto, que o fim dos
incentivos provoque uma onda de demissões. “Falaram em contratações quando
houve a desoneração, e também não houve”, comparou. Para o ministro, a política
de benefícios fiscais, adotada há dez anos, “não está trazendo nenhum benefício
para a economia brasileira”.
Antes de enviar novas propostas ao Congresso, o ministro afirmou que vai aguardar a tramitação de projetos que já estão na Casa, como a reforma tributária e a Medida Provisória 1.185. Essa última regulamenta a subvenção a investimentos e tem potencial de aumentar a arrecadação em R$ 40 bilhões. “É uma falha que está sendo corrigida, por conta de uma interpretação equivocada, que já foi derrubada pelo Superior Tribunal de Justiça, declarou ilegal a subvenção a custeio”, explicou.
Fonte: Agência Brasil
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