A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu, nessa terça-feira (24), o inquérito que apurou as circunstâncias da morte de uma mulher, de 46 anos, após a realização de um procedimento estético em uma clínica no centro da cidade de Divinópolis, região Centro-Oeste do estado. A biomédica, de 33 anos, responsável pelo procedimento, foi indiciada por homicídio qualificado. Outros três funcionários da clínica também foram indiciados.

Segundo o relato do marido da vítima, inicialmente, sua esposa foi informada de que o procedimento de lipoaspiração, que envolvia a retirada de gordura da barriga e enxerto nos glúteos, custaria R$ 18 mil. Contudo, o procedimento custou R$ 12 mil devido a uma oferta especial e encaixe rápido, sem a realização de exames ou avaliação de risco cirúrgico.

A vítima deu entrada na clínica por volta das 7 horas da manhã do dia 8 de maio deste ano. Durante a realização do procedimento estético, sofreu uma parada cardiorrespiratória. Ela foi socorrida pelo Serviço Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhada para uma unidade de saúde, mas não resistiu e faleceu naquela noite.

Prisão em flagrante

Investigadores e peritos da PCMG compareceram ao local para coleta de vestígios e apreenderam dois computadores, um celular, equipamentos e embalagens de produtos utilizados nos procedimentos, além de medicamentos diluídos prontos para uso e caixas de injetáveis. Diante das irregularidades constatadas, os policiais conduziram a biomédica e a técnica de enfermagem que auxiliou o procedimento à Delegacia Regional de Polícia Civil, onde foram autuadas em flagrante por homicídio e encaminhadas ao sistema prisional.

Ocultação de provas

Um dia após o crime, a Polícia Civil apreendeu o carro da técnica de enfermagem, em um estacionamento no centro da cidade. No interior do veículo, foi encontrado um saco preto contendo diversos medicamentos, incluindo frascos de adrenalina, anestésicos, soros utilizados para preenchimento e bicarbonato, além de compressas sujas de sangue, submetidas a análises que confirmaram se tratar do DNA da vítima.

Trabalho investigativo

Ao longo de cinco meses de investigação, a PCMG ouviu mais de 20 pessoas, arrecadou diversas provas documentais e realizou dezenas de laudos periciais que instruíram o inquérito de mais de 700 páginas.

As investigações revelaram irregularidades na clínica, incluindo a ausência de equipamentos de suporte e a ocultação intencional de materiais utilizados nos procedimentos. A medicina legal concluiu que a morte da paciente foi causada por uma série de eventos, incluindo lipoaspiração, intoxicação devido ao uso excessivo de anestésicos, hemorragia, parada cardiorrespiratória e aspiração que resultou em lesão pulmonar.

Indiciamento

Conforme o delegado responsável pelas investigações, Marcelo Nunes, com base nas provas coletadas, restou apurado que a biomédica responsável pelo procedimento assumiu o risco de matar a vítima, ao realizá-lo sem habilitação e em local inapropriado, gerando complicações que resultaram no óbito.

"Os autos foram remetidos ao Poder Judiciário com o indiciamento da biomédica por homicídio doloso, qualificado por motivo torpe, traição e fraude processual. Além disso, outras duas funcionárias da clínica, incluindo uma técnica de enfermagem, também foram indiciadas por homicídio doloso, na condição de partícipe e fraude processual, sendo este último crime também apontado a um terceiro funcionário da clínica", detalhou.

O chefe do 7º Departamento de Polícia Civil em Divinópolis, delegado-geral Flávio Tadeu Destro destacou o compromisso da PCMG em buscar justiça e responsabilização. "As investigações continuam visando apurar denúncias envolvendo possíveis outras vítimas que tenham passado pelo mesmo procedimento e outras irregularidades na clínica", afirmou.

Fonte: Ascom PCMG