A arrecadação da União com impostos e outras receitas teve
leve alta, alcançando R$ 215,60 bilhões em outubro, segundo dados divulgados
nesta segunda-feira (27) pela Receita Federal. O resultado representa aumento
real de 0,1%, ou seja, descontada a inflação, em valores corrigidos pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em comparação com outubro de
2022.
No acumulado de janeiro a outubro, a arrecadação chegou a R$
1,9 trilhão, recuo real de 0,68%, em relação aos nove primeiros meses do ano
passado. Os dados sobre a arrecadação de outubro estão disponíveis no site da
Receita Federal.
Quanto às receitas administradas pelo órgão, o valor
arrecadado no mês passado ficou em R$ 195,58 bilhões, representando acréscimo
real de 0,71%, enquanto no período acumulado de janeiro a outubro, a
arrecadação alcançou R$ 1,8 trilhão, alta real de 0,65%.
Os resultados foram influenciados por alterações na
legislação tributária e por pagamentos atípicos tanto em 2022 quanto em 2023,
especialmente do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição
Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), que incide sobre o lucro das empresas.
Segundo a Receita, ambos são importantes indicadores da atividade econômica,
sobretudo, do setor produtivo.
As desonerações concedidas no Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) e Programa de Integração Social/Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) sobre combustíveis também
influenciaram no resultado.
Lucro das empresas
A arrecadação do IRPJ e da CSLL somou R$ 52,49 bilhões em
outubro, com redução real de 7,06% sobre o mesmo mês de 2022. O resultado é
explicado pelo decréscimo real de 12,98% na arrecadação da estimativa mensal de
empresas e de 12,25% na arrecadação do balanço trimestral. Na apuração por
estimativa mensal, o lucro real é apurado anualmente, sendo que a empresa está
obrigada a recolher mensalmente o imposto, calculado sobre uma base estimada.
A Receita ressaltou, por outro lado, que, em outubro do ano
passado, houve pagamentos atípicos de R$ 3 bilhões nessa arrecadação.
No acumulado do ano, o IRPJ e a CSLL somaram R$ 409,91
bilhões, com queda real de 8,59%. O desempenho é explicado pelo recuo real de
14,29% da estimativa mensal e de 33,96% na declaração de ajuste do IRPJ e da
CSLL, relativa a fatos geradores ocorridos em 2022, conjugados com os
acréscimos reais de 4,95% do lucro presumido.
“Além disso, houve recolhimentos atípicos da ordem de R$ 5
bilhões, especialmente por empresas ligadas à exploração de commodities
[produtos primários com cotação em mercados internacionais], no período de
janeiro a outubro deste ano, e de 40 bilhões, no mesmo período de 2022”,
informou a Receita Federal.
Fatores não recorrentes
Contribuindo para melhorar a arrecadação, houve recolhimento
extra do imposto de exportação sobre combustíveis em outubro deste ano, de R$
47 milhões, o que não ocorreu no mesmo mês de 2022.
Por outro lado, também houve desonerações tributárias.
Apenas em outubro, a redução de alíquotas do PIS/Cofins sobre combustíveis
resultou em uma desoneração de R$ 1,46 bilhão; em outubro de 2022 havia sido de
R$ 3,75 bilhões. No ano, a desoneração chega a R$ 28,71 bilhões. Já a redução
de alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) custou R$ 1,9
bilhão à Receita no mês passado e R$ 19 bilhões de janeiro a outubro.
“Sem considerar os fatores não recorrentes acima, haveria um
crescimento real de 3,22% na arrecadação do período acumulado e um acréscimo
real de 1,03% na arrecadação do mês de outubro.”, informou o órgão.
Outros destaques
Outro destaque da arrecadação de outubro foi a Receita
Previdenciária que teve aumento real de 3,28%, chegando a R$ 48,70 bilhões.
Esse desempenho é explicado pelo crescimento real de 1,72% da massa salarial.
Além disso, houve crescimento de 27% nas compensações tributárias com débitos
de receita previdenciária em razão da Lei 13.670/18, que vedou a utilização de
créditos tributários para a compensação de débitos de estimativas mensais do
IRPJ e da CSLL.
No acumulado do ano, a Receita Previdenciária totalizou uma
arrecadação de R$ 486,98 bilhões, com crescimento real de 5,43%.
O PIS/Pasep e a Cofins apresentaram, no conjunto, uma
arrecadação de R$ 37,46 bilhões no mês passado, representando crescimento real
de 8,2%. Esse desempenho é explicado pela combinação dos seguintes fatores: do
aumento real de 2,9% no volume de vendas e da queda real de 1,2% no volume de
serviços entre setembro de 2023 e setembro de 2022; e da modificação da
tributação incidente sobre o diesel, gasolina e álcool.
O Imposto de Renda Retido na Fonte - Rendimentos de Capital
apresentou uma arrecadação de R$ 8,68 bilhões, com crescimento real de 26,11%.
Os resultados podem ser explicados pela alta da taxa Selic (juros básicos da
economia), que influenciou o recolhimento dos rendimentos dos fundos e títulos
de renda fixa. No acumulado do ano, o acréscimo foi 23,92% nesse item, chegando
a R$ 90,30 bilhões.
Em outubro, o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) teve uma
arrecadação de R$ 4,40 bilhões, com aumento real de 5,88%. Esse resultado se
deve ao acréscimo real de 14% na arrecadação das quotas da declaração de ajuste
anual.
No acumulado do ano, outro destaque é para IRRF -
Rendimentos do Trabalho apresentou uma arrecadação de 157,80 bilhões, com
crescimento real de 4,54%. Esse resultado se deve às altas nos itens
“Rendimentos do Trabalho Assalariado” (6,36%) e “Participação nos Lucros ou
Resultados – PLR” (11,92%), combinados com o decréscimo no item “Aposentadoria
do Regime Geral ou do Servidor Público” (6,32%).
Indicadores macroeconômicos
A Receita Federal apresentou, também, os principais
indicadores macroeconômicos que ajudam a explicar o desempenho da arrecadação,
tanto no mês quanto no acumulado do ano. Entre os indicadores, estão a venda de
serviços, com queda de 1,2% em setembro (fator gerador da arrecadação de
outubro) e crescimento de 3,8% no ano; e a massa salarial, que cresceu 6,99% em
setembro (12,99% no ano), em relação ao mesmo mês de 2022.
A venda de bens também cresceu 2,9% no mês e 3,56% no ano.
Já a produção industrial caiu 0,82% em setembro e 1,12% no acumulado do ano,
comparado ao período de dezembro de 2021 a setembro de 2022.
O valor em dólar das importações, vinculado ao desempenho
industrial, também teve recuo, de 12,94% em relação a setembro do ano passado e
12,04% no ano.
Fonte: Agência Brasil
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