Parece história de filme. Um bárbaro homicídio, ocorrido em um passado distante, relatado em pilhas de documentos e depoimentos desencontrados, que parecia sem solução. Hoje, 16 anos depois, a Polícia Civil de Patos de Minas, através da Delegacia de Homicídios, finalmente informa que finalizou o inquérito policial mais antigo em tramitação na cidade. E com um desfecho surpreendente.
“O caso de extrema complexidade com requintes de crueldade, ações dos autores para dificultar as investigações (ameaças a testemunhas etc) e até pouco tempo com autoria indefinida. O Inquérito Policial foi concluído com a identificação de dois autores sendo um dos autores parente da vítima” informou o delegado Luís Mauro Sampaio, titular da Delegacia de Homicídios.
O crime
O crime aconteceu no dia 19 de dezembro de 2007. A vítima, Maria dos Anjos, foi encontrada morta próxima ao lixão de Patos de Minas ( que ainda existia na época). Ela estava com uma corda amarrada no pescoço, apresentando sinais de estrangulamento e em estado de putrefação.
Investigação dificultada
Desde o primeiro momento foram realizadas diversas diligências que esbarravam em ações dolosas dos autores em impor a testemunhas o silêncio e a relatar depoimentos mentirosos para a autoridades policias que presidiram o caso. Segundo os autos, a primeira autora, querendo imputar crime a uns desafetos, veio a combinar com o namorado de matar Maria dos Anjos e depois criar uma história para que os desafetos fossem condenados injustamente pelo crime de homicídio.
Como foi o crime
Segundo apurou a Polícia Civil, a autora do crime, que é parente de Maria dos Anjos, planejou o crime junto com o namorado. Primeira, ela encontrou um jeito de fazer com que as demais pessoas que estavam na casa onde a vítima também morava, saíssem para que ficassem a sós.
Sem testemunhas, ela e o namorado asfixiaram Maria dos Anjos com a corda. O corpo foi colocado no porta-malas de um carro e levado até o lixão, onde foi abandonado. Aos parentes, a autora e mentora do crime disse que Maria dos Anjos havia saído e não mais retornado.
Para reforçar a ação criminosa, a mulher e o namorado forjaram um bilhete de socorro dizendo que tal bilhete teria sido escrito por Maria dos Anjos. Esse bilhete relatava que ela estava sequestrada e deixava entendimento de quem seriam os autores do sequestro, apontando para um dos desafetos da autora do crime.
Os autores ainda forjaram ligações telefônicas dizendo que seriam os desafetos pedindo resgate da vítima. Também os autores entraram em contato com testemunhas, ameaçando algumas, determinando que mentissem quando fossem prestar depoimento na delegacia.
As investigações
O crime parecia perfeito. Além de matar a pessoa com quem mantinha uma disputa judicial, ainda implicava um desafeto na Justiça.
Apesar das dificuldades na investigação, o delegado de homicídios, Luís Mauro Sampaio, manteve a confiança na conclusão do Inquérito e se empenhou em coletar novos depoimentos através do Projeto Oitiva Virtual Móvel, conseguindo em fim desvendar o crime.
Nessa quarta-feira (20), a Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou a parente da vítima e o namorado dela pelos crimes de homicídio qualificado, pela torpeza, asfixia e dificuldade de defesa e por ocultação de cadáver e coação no curso do processo.
“A conclusão do presente inquérito denota, mais uma vez o compromisso da Polícia Civil em não parar de apurar; sejam casos atuais ou antigos como o presente. Também reforça o compromisso com a sociedade e os familiares das vítimas de crimes graves de buscar, mediante a legalidade a realização da Justiça”, concluiu o delegado Luís Mauro Sampaio.