Homicídios crescem para mulheres negras e caem para não negras
É o que revela pesquisa do Ipea
A nova edição do Atlas da Violência, publicação anual do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que a taxa de
homicídios para mulheres negras cresceu no país 0,5% entre 2020 e 2021. No mesmo
período, houve redução de 2,8% para as mulheres não negras, que incluem
brancas, amarelas e indígenas.
São indicadas algumas razões para esse cenário, entre eles,
fatores econômicos. A discriminação racial e de gênero no mercado de trabalho e
o consequente menor rendimento das mulheres negras na comparação com as
mulheres não negras as tornam mais dependentes do cônjuge e mais passíveis de
sofrerem violência de gênero.
Conforme a publicação, entre 2020 e 2021, 14 unidades da
federação apresentaram crescimento na taxa de mulheres assassinadas. Os menores
índices são de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Distrito Federal.
Ao mesmo tempo, Roraima está no topo dos estados com maiores
taxas de homicídios de mulheres no ano de 2021: 7,4 mulheres mortas a cada 100
mil. Ele é seguido por Ceará e Acre. "Chama atenção que Roraima, mesmo
apresentando uma redução de quase 41%, permanece como o estado com maior taxa
de homicídios femininos no país", informa o Ipea.
Violência de gênero
Dados do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
2022 - reunidos no Atlas da Violência - trazem informações que reforçam o
panorama de aumento da violência de gênero.
A maior parte das mulheres assassinadas no Brasil é morta
fora de suas casas. Mas chama atenção nos dados que, enquanto o homicídio de
mulheres caiu a partir de 2018 acompanhando a tendência de homicídios em geral,
o assassinato de mulheres dentro das residências mantém estabilidade. No
recorte por idade, no entanto, notam-se mudanças.
Mesmo quando os dados envolvem a população negra, incluindo
homens e mulheres, o cenário é similar. Em 2021, 79% de todas as vítimas de
homicídio eram negros. A publicação aponta que condições socioeconômicas fazem
desta população um grupo mais vulnerável, mas indica que é preciso considerar
também um outro fator.
Fonte: Agência Brasil