Anvisa aprova consulta pública sobre proibição de cigarro eletrônico
Proposta foi aprovada por unanimidade pela diretoria da agência
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) aprovou, por unanimidade, nesta sexta-feira (1º) a abertura
de uma proposta de consulta pública para revisar a proibição de cigarros
eletrônicos no Brasil. Desde 2009, uma resolução da entidade proíbe a
fabricação, a comercialização, a importação e a propaganda de dispositivos
eletrônicos para fumar, popularmente conhecidos como vape. De acordo com a
decisão da Anvisa de hoje, a sociedade civil terá 60 dias para manifestar-se
sobre o tema na consulta pública.
Enquanto a diretoria colegiada da Anvisa se reunia, um grupo
de cerca de 20 pessoas ligadas à organização não governamental (ONG) Direta -
Diretório de Informações para a Redução de Danos do Tabagismo defendia, em
frente à sede da Anvisa, a regulamentação dos cigarros eletrônicos no Brasil.
Entre as argumentações apresentadas está a de que esses dispositivos não causam
os mesmos males do tabagismo.
Ao ser questionado sobre outros estudos que apresentaram
resultados diferentes, indicando que dispositivos eletrônicos para fumar podem
ser até mais prejudiciais à saúde do que os cigarros tradicionais, ele
argumentou que, nesses casos, a confusão se dá porque, enquanto algumas
pesquisas abrangem dados brutos sobre a presença da nicotina, outras tratam do
potencial de absorção da substância pelo organismo – algo que varia de pessoa
para pessoa.
Os dispositivos eletrônicos para fumar são também conhecidos
como cigarros eletrônicos, vape, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar e
heat not burn (tabaco aquecido). Embora a comercialização no Brasil seja
proibida, os dispositivos podem ser encontrados em diversos estabelecimentos
comerciais e o consumo, sobretudo entre os jovens, tem aumentado.
Com aroma e sabor agradáveis, os cigarros eletrônicos
chegaram ao mercado com a promessa de serem menos agressivos que o cigarro
comum. Entretanto, a Associação Médica Brasileira (AMB) alerta que a maioria
absoluta dos vapes contém nicotina – droga psicoativa responsável pela
dependência e que, ao ser inalada, chega ao cérebro entre sete e 19 segundos,
liberando substâncias químicas que trazem sensação imediata de prazer.
De acordo com a entidade, nos cigarros eletrônicos, a
nicotina se apresenta sob a forma líquida, com forte poder aditivo, ao lado de
solventes (propilenoglicol ou glicerol), água, flavorizantes (cerca de 16 mil
tipos), aromatizantes e substâncias destinadas a produzir um vapor mais suave,
para facilitar a tragada e a absorção pelo trato respiratório. “Foram
identificadas, centenas de substâncias nos aerossóis, sendo muitas delas
tóxicas e cancerígenas.”
Além do debate no âmbito da Anvisa, tramita no Senado
Federal o Projeto de Lei (PL) 5008/2023, de autoria da senadora Soraya
Thronicke (Podemos-MS), que permite a produção, importação, exportação e o
consumo dos cigarros eletrônicos no Brasil.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
(PeNSE), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
em 2019, 22,6% dos estudantes de 13 a 17 anos no país disseram já ter
experimentado cigarro pelo menos uma vez na vida, enquanto 26,9% já
experimentaram narguilé e 16,8%, o cigarro eletrônico.
O Brasil é reconhecido internacionalmente por sua política de controle do tabaco. Em julho de 2019, tornou-se o segundo país a implementar integralmente todas as medidas previstas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no intuito de reduzir o consumo do tabaco e proteger as pessoas das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).
Fonte: Agência Brasil