Travesti vítima de agressão em Patos de Minas pode ter morrido por Covid-19
A morte não tem relação com a agressão
A travesti Júlio Cesar Garcia Rocha, conhecida como Camille Rocha, 54 anos, acabou falecendo na noite desse domingo (29). Mensagens que circulam nas redes sociais cogitam que ela tenha sido espancada até morte. No entanto, a causa pode ser outra bem diferente.
De acordo com o médico Élcio Moreira, Diretor da UPA, a informação é de que ela tinha realmente se envolvido em uma briga na quinta-feira (26). Porém, na tarde de sábado (28), ela foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento do Jardim Peluzzo com outros sintomas, como tosse, falta de ar e febre.
Ela acabou vindo a óbito no início da noite de domingo (29). Mesmo assim, todos os exames de Raio X foram realizados e nenhuma lesão ou ferimento advindo da agressão, que justificasse a morte, foi encontrado.
O médico destacou que ela foi reexaminada nesta segunda-feira (30) para verificar a causa da morte e nenhuma lesão voltou a ser constatada. A informação que o Patos Hoje conseguiu apurar é de que ela possuía outra síndrome crônica e não vinha se tratando adequadamente.
O médico ressaltou que ela teve um quadro de pneumonia que acabou evoluindo para o óbito. Como os sintomas se parecem com os da Covid-19, todo o atendimento médico, inclusive ocorrendo na ala da Covid-19, seguiu o protocolo da doença.
Confira a nota da Prefeitura Municipal na íntegra
"A paciente J.C.G.R, 54 anos ( Camille Rocha - Nome Social) deu entrada no Centro de Atendimento para Enfrentamento à Covid-19 (anexo à UPA de Patos de Minas) no dia 28/11/2020 (sábado), às 14h48, com relato de tosse, falta de ar e febre há três dias. Ela foi prontamente avaliada pelo médico plantonista, que solicitou exames e internação.
Camille relatou dores no corpo por motivos de agressões físicas sofridas no dia 26/11/2020, porém nos exames de Raio-X e clínico não foi evidenciada nenhuma lesão. A radiografia de tórax e exames de laboratório evidenciaram uma extensa pneumonia, e, devido às características, manteve-se a suspeita de Covid. A paciente apresentava fratura de clavícula antiga e já em processo de consolidação.
Camille permaneceu internada e relatou ter problemas relacionados à imunidade. Ela não utilizava as medicações adequadamente, o que resultou no agravamento progressivo de seu quadro.
Por volta das 23h de sábado, a paciente evoluiu com piora no quadro respiratório, sendo necessário proceder intubação traqueal. Ela permaneceu em ventilação mecânica em estado gravíssimo e, às 18h30 do dia 29/11/2020 (domingo), evoluiu com parada cardiorrespiratória e óbito.
A paciente foi reexaminada pelo médico Élcio Moreira Alves (diretor responsável técnico da UPA), que não encontrou nenhuma lesão física que poderia justificar o óbito ou que motivasse necessidade de exame de necropsia. A história clínica e exames laboratoriais são claros e definem que a paciente faleceu de insuficiência respiratória.
A UPA segue no aguardo de resultado do exame PCR-RT para confirmação da causa morte."