Profissionais divulgam carta aberta em defesa da gestão pública do Hospital Regional
A carta critica a possível administração do regional por uma Organização Social, citando exemplos de malfeitorias.
O Patos Hoje recebeu nesta quarta-feira (10) uma carta aberta produzida por profissionais que trabalham no Hospital Regional Antônio Dias de Patos de Minas. A publicação defende a gestão pública da unidade de saúde, destaca o momento difícil da pandemia que deixou em colapso o sistema de saúde. A carta critica a possível administração do regional por uma Organização Social, citando exemplos de malfeitorias.
“Carta aberta aos prefeitos, gestores municipais de saúde, comissões legislativas de saúde e conselheiros municipais de saúde da macrorregião noroeste de Minas Gerais.
Nesse momento em que a pandemia da covid 19 segue sem controle em todo o país, uma grave crise sanitária e econômica se instala em todos os municípios brasileiros. Aguardamos um plano nacional de controle e vacinação em massa na população, mais de 270 mil mortes e apenas 2,9% da população vacinada.
A região noroeste de Minas se encontra na onda roxa, os pequenos produtores e comerciantes, os trabalhadores, as famílias em situação de vulnerabilidade são os mais atingidos, prejudicados. Não podendo contar com auxílio e apoio de políticas voltadas à segurança, proteção e subsistência, sem o auxílio emergencial, tarifa mínima nas contas de água, luz, aluguel, gás de cozinha, não tendo adiamento de impostos, juros, sem apoio aos pequenos. A região antecede tempos difíceis.
Um colapso no sistema de saúde está instalado, não tem leitos preparados para os pacientes da covid 19, faltam recursos humanos, faltam testagens, faltam vacinas.
Patos de Minas como cidade polo, referência regional da macro de saúde vive o caos, não somente pela falta de planejamento com o controle e tratamento da covid, mas na atenção primária, secundária e terciária. Todo o sistema de saúde sendo desmontado e não tem retorno da eficiência no combate à pandemia.
Patos de Minas não tem hospital público, tem uma UPA que cumpre honrosamente sua função na urgência e emergência mesmo com déficit de trabalhadores e recursos. A justiça concedeu ao município o hospital São Lucas que foi sucateado por uma má administração, por uma OS. O prefeito do município, não tendo interesse no hospital, o devolveu para a justiça.
Temos o hospital regional de Patos de Minas com apenas 120 leitos, 9 de UTI adulto e 9 de UTI neonatal, 3 salas de cirurgia geral e trauma e 3 salas cirúrgicas para a maternidade de alto risco.
No momento crescente de uma pandemia, assistimos o governo estadual levar adiante a terceirização da rede Fhemig, fundação hospitalar do estado de Minas Gerais, com a crueldade de quem governa para poucos e não para todo o povo mineiro tenta passar para uma organização social a administração do Hrad.
Lembramos que o Hrad é do povo cabendo ao governo administrar possuindo pra isso quadros técnicos de excelência. Perde os trabalhadores, perde a população. Uma organização social administra lucros que continuam sendo repassados pelo governo e que podem ser adquiridos por doações. Um quantitativo maior de recursos que não são suficientes pra pagar os cargos de diretores, os cortes serão nos insumos, nos equipamentos, nos trabalhadores.
Ficando livres da burocracia qualquer empresa poderá fornecer materiais, insumos com valores superfaturados, principalmente às empresas dos amigos.
Temos exemplos de inúmeras OSs espalhadas pelo país, não só em Patos de Minas, desmontaram, sucatearam, desviaram os recursos do SUS causando completa desassistência à população. Hoje muitos desses governantes que facilitaram esse desmonte, esse retrocesso, estão presos, cito aqui os políticos do Rio de Janeiro. Em Minas assistimos nos jornais ao pedido de afastamento do secretário estadual de saúde, por ocupação indevida do cargo, pois se trata de um grande empresário.
Acompanhamos com aflição o desenrolar de uma situação criada pelo governo estadual que nesse momento tem a reafirmação do conselho estadual de saúde que é contra a entrada de OS no estado, haja visto que não se trata somente da terceirização no Hrad, também uma junção da fundação Funed, fábrica de medicamentos que poderia estar produzindo as vacinas contra a covid, com a fundação ESP, escola de saúde pública e o hospital Eduardo de Menezes referência em infectologia no estado. Fazendo a junção das 3 fundações também serão entregues à iniciativa privada.”