Maior jornal de Minas destaca política de dinossauros realizada em Patos de Minas
A matéria foi publicada na edição desse domingo (14) do Estado de Minas.
A política partidária polarizada em dois grupos distintos em Patos de Minas foi destacada em reportagem publicada na edição desse domingo (14) do jornal Estado de Minas. O maior meio de comunicação impresso do Estado faz referência às siglas UDN e PSD que foram extintas há 46 anos e que mesmo assim continuam sendo seguidas em cidades do interior de Minas.
Lei a reportagem!Mesmo extintos, UDN e PSD ainda direcionam as disputas partidárias no interior de Minas
Extintos há 46 anos, a velha UDN, de Magalhães Pinto, e o velho PSD, de Juscelino Kubitschek, que dominaram a política brasileira entre 1945 e 1965, sobrevivem em uns poucos municípios mineiros, onde há a mesma polarização entre grupos políticos. A rixa integra o folclore local. Muito acima do conceito de legendas partidárias, o que une cada grupo são os laços entre aliados transmitidos de pais para filhos, que se mantêm inabaláveis, apesar de a história registrar, em seu curso, além do fim dessas siglas em 1965, a formação bipartidária imposta pelo governo militar, e, a partir de 1979, a proliferação de legendas, no bojo da reabertura democrática.
Infográfico: entenda a formação e extinção dos partidos no Brasil
Na maior parte das cidades mineiras, o surgimento das legendas nanicas colocou em xeque territórios comandados por coronéis adversários, e esses grupos se dissolveram. Mas no Alto Paranaíba udenistas e pessedistas continuam coesos, embora abrigados em uma variedade de legendas. Em Patos de Minas está o centro do embate, que se erradia para cidades vizinhas como Lagoa Formosa e Carmo do Paranaíba. De um lado, Arlindo Porto (PSDB), de 66 anos, vice-presidente da Cemig, que tomou do avô Arlindo Porto e do pai, José Alves Porto, o gosto pelo PSD. De outro, Elmiro Nascimento (DEM), de 59, secretário de Estado da Agricultura, que seguiu a linha política do pai, o udenista Sebastião Nascimento.
Arlindo e Elmiro estão na base do governo Antonio Anastasia (PSDB). Além disso, o primeiro juntou o PSDB, o PPS, o PHS, o PTC, o PR, o PV, o PMDB e o PTB em torno da eleição do deputado estadual Hely Tarquínio (PV) e do deputado federal José Humberto (PHS). “O nosso grupo reúne pessoas independentemente dos partidos, que seguem conosco há décadas”, explica Arlindo Porto. Já o grupo de Elmiro Nascimento, que foi deputado estadual por quatro mandatos consecutivos, tem o apoio do DEM e do PP. “Não fizemos deputado no ano passado. Tive de sair da disputa na última hora para ser o primeiro suplente de Aécio Neves”, diz. “A atual prefeita é minha irmã. O outro lado tem mais partido, mas somos bem mais fortes.”
Entre 1945 e 1965, Patos de Minas elegia um deputado da UDN e um do PSD. Extintos os partidos com o Ato Institucional número 2, em 1965, udenistas e pessedistas optaram pelo ingresso na situacionista Arena. As sublegendas Arena 1 e Arena 2 marcavam as diferenças. Pedro Pereira dos Santos, prefeito do PSD na edição do AI-2, tornou-se presidente da Arena municipal. Udenistas engrossavam a 2, sempre com candidatura de oposição ao governo municipal.
Em 1979, a Nova Lei Orgânica dos Partidos Políticos extinguiu o bipartidarismo. Os partidos que surgiram não alteraram a correlação de forças em Patos de Minas. Arlindo Porto, que em 1982 disputou a prefeitura pela primeira vez, elegeu-se pelo PMDB. Os antigos pessedistas aglutinaram-se na legenda e apoiaram o então candidato ao governo de Minas Tancredo Neves. Ao lado de Israel Pinheiro, Hélio Garcia e Pio Canedo. Do outro , Elmiro Nascimento, que filiou-se ao PDS, defendeu a candidatura de Eliseu Resende. O grupo era de Magalhães Pinto, Aureliano Chaves e Francelino Pereira.
Em Lagoa Formosa, o embate entre UDN e PSD reverbera. O prefeito Edson Machado de Andrade (PMDB) considera: “Nós somos o PSD verdadeiro, de JK. Aqui a política é muito acirrada”, afirma. “Aqui muda partido, mas os grupos seguem consistentes”, assinala, informando que embora já tenham se instalado na cidade o PT e partidos menores, como o PHS, a polarização continua.