“Eu sentia medo dele”, diz mulher sobre líder religioso acusado de abuso sexual, em Patos de Minas
A mulher acredita que pelo menos outras 30 pessoas foram vítimas do líder religioso.
O Patos Hoje conversou com uma das mulheres que procurou a Delegacia da Mulher de Patos de Minas para denunciar Alex Junior da Silva, de 33 anos. O homem que se apresentava como líder religioso é acusado de abuso sexual mediante fraude. A mulher acredita que pelo menos outras 30 pessoas foram vítimas do líder religioso.
A mulher, que pediu para não ser identificada, contou que ingressou no terreiro há quase dois anos por indicação de amigos e que, no início, tudo ocorria normalmente. “Nós fomos criando um vínculo, uma amizade, de certa forma nós passamos a depositar nele confiança, como um dirigente espiritual sério”.
A jovem contou que Alex sempre ressaltava a força da “entidade do pai de santo” para amedrontar os membros do terreiro. A vítima disse que, em maio do ano passado, o homem avisou que estava sendo guiado pela “entidade” para abrir um culto de quimbanda, que até o momento era desconhecido pelos membros. No início do culto, o homem ressaltava a figura da mulher e ocorriam apenas rodas de conversa.
Os cultos não tinham período específico para serem realizados e aconteciam durante a noite. A vítima contou que precisava utilizar um facão para jurar que não iria contar o que acontecia ali dentro. Os membros precisavam morder o facão, apontar contra o próprio pescoço membros do corpo e fazer os juramentos.
“Um certo dia ele falou para nós que alguém iria traí-lo e que alguém de nós iria morrer”, contou a vítima. Logo após, o homem teria determinado que mulheres teriam que participar dos cultos apenas de sutiã e saia. No ritual seguinte, ele teria ordenado para as mulheres a ficarem sem sutiã e sem saia. A vítima disse que tinha medo de que algo pudesse ser feito contra ela, por não se sentir à vontade de ficar sem o sutiã junto com as outras pessoas. Diante disso, ela saiu do quimbanda, mas continuou com as atividades na umbanda.
Segundo a vítima, logo após sua saída, Alex sempre entrava em contato pedindo para ela retornar, apresentando justificativas espirituais. Mesmo após ter saído do quimbanda, ela aceitou participar de uma “consagração” de um membro.
Durante o ritual, ela se deitou vestida apenas de sutiã e saia e foi colocado o facão em cima de seu corpo, apontado para sua parte intima. A vítima contou que, em determinado momento, sentiu que Alex encostou em sua parte íntima. Logo após, a vítima saiu do local desesperada e decidiu nunca mais participar do quimbanda.
Segundo a jovem, quando decidiu deixar em definitivo o terreiro, cerca de outros 30 membros também deixaram. A vítima disse que ouviu por diversas vezes o homem tendo relações sexuais com uma adolescente, de 16 anos.
No final da entrevista, a vítima pediu para que as mulheres denunciem qualquer forma de abuso, que não se calem, e que a justiça seja feita. Ela contou que pelo menos 30 mulheres foram vítimas dos abusos.