Detentos se rendem à palavra de Deus e entregam armas em Patos de Minas

Os detentos que aceitaram a palavra de Deus devolveram uma espingarda calibre 12, um revólver .38, uma pistola .45.


Os detentos foram convencidos a entregar as três armas por um pastor da Igreja Assembleia de Deus Novo Tempo.
A Polícia Civil e o Ministério Público de Patos de Minas foram surpreendidos com um caso inusitado na manhã desta terça-feira (18). Detentos do Presídio Sebastião Satiro decidiram devolver armas de grosso calibre que estavam à serviço do crime na cidade. Eles foram convencidos por um pastor da Igreja Assembleia de Deus Novo Tempo.

Armas de grosso calibre e de uso exclusivo das forças armadas, que estavam à serviço do crime escondidas em diferentes pontos da cidade, foram entregues de forma espontânea para a Polícia Civil. Os detentos que aceitaram a palavra de Deus devolveram uma espingarda calibre 12, um revólver calibre 38, uma pistola .45 e cerca de 40 munições .45. As armas mudaram o cenário do altar da pequena igreja na avenida das Paineiras, no bairro Alto Colina.

A Igreja Assembleia de Deus Novo Tempo é coordenada pelo pastor Renato Silva Trovão. Além do cuidado com o templo, o religioso também faz um trabalho de evangelização com os detentos do Presídio Sebastião Satiro. O primeiro contato com os internos aconteceu no mês de Janeiro. Ele afirma que nesses doze meses muita coisa mudou. Diversos detentos se converteram à religião e estão dispostos a se livrar do crime. A principal prova, segundo o pastor Renato, é a entrega das armas.

Para devolver o armamento à polícia, os detentos exigiram apenas que suas identidades fossem preservadas. A mediação foi feita pelo advogado Willian Custódio. Polícia Civil e Ministério Público acataram a ideia de imediato. O acordo foi fechado na segunda-feira (17) e, hoje pela manhã, as primeiras armas começaram a ser devolvidas. Segundo o pastor Renato, existem outras armas circulando nas imediações que também deverão ser entregues.

O delegado da Polícia Civil, Luiz Mauro Sampaio, lembrou que a devolução voluntária de arma não constitui crime. Ele explica que para entregar uma arma de fogo basta ligar em uma Delegacia da Polícia Civil e pedir para que um policial vá até o local buscar o armamento.

O promotor de Justiça Paulo Henrique Delicole se mostrou otimista com o resultado do trabalho. Segundo ele, a evangelização é a principal ferramenta de transformação dentro dos Presídios. Ele também acredita que a devolução dessas armas vai contribuir para acabar com a violência na parte alta da cidade, onde dois grupos rivais disputam o poder, provocando mortes e muita violência.

Autor: Maurício Rocha

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