Depois de décadas de anonimato, o poeta Juca da Angélica terá livro e filme
A beleza dos versos de Juca da Angélica poderá sair do anonimato e ganhar o mundo.
José Joaquim de Souza, o Juca da Angélica, nasceu no dia 07 de junho de 1918, época em que Lagoa Formosa ainda era distrito de Patos de Minas. O poeta passou a infância na roça e só foi alfabetizado aos 14 anos de idade. Para ajudar a família trabalhou no campo e se transformou em carreiro conhecido em toda a região.
Juca da Angélica também gosta de moda de viola, toca sanfona e já animou muito pagode, mas seu negócio mesmo é a poesia. Seus versos contam toda a pureza e beleza das coisas do campo. Juca é autor de centenas de poemas, mas só começou a ser conhecido regionalmente depois de 2.000, quando a artista Marialda Coury apresentou seu trabalho em uma exposição em Patos de Minas.
Em 2001, Juca da Angélica, lançou o livro “Meu Canto é Saudade”. As dificuldades fizeram com que a obra ficasse restrita à região, mas foi o suficiente para despertar o interesse de amantes da literatura. O poeta e editor, Paulo Nunes, comparou a importância da obra de Juca da Angélica à de Patativa do Assaré.
Paulo Nunes trabalha agora para lançar uma antologia de 120 páginas resgatando a obra de Juca da Angélica. A expectativa é de que o livro seja lançado até o mês de dezembro. Também está programado o lançamento de um filme dirigido por Diógenes Miranda e um CD que está sendo organizado pelo compositor e musicólogo Saulo Alves e pelo Trio José de Ribeirão Preto.
Aos 94 anos, Juca da Angélica continua morando na fazenda Mata-Burros, na divisa de Patos de Minas e Lagoa Formosa, mas a condição física não é mais a mesma. Ele quase não enxerga e está praticamente surdo. O resgate de sua obra, segundo a artista Marialda Coury, será uma justa homenagem ao poeta.
Autor: Maurício Rocha